Dia três do julgamento do processo Espírito Santo. Tempo de ouvir as primeiras testemunhas
O tribunal começa esta quinta-feira por ouvir a gravação do depoimento de António Ricciardi, com cerca de uma hora e meia de duração. O antigo presidente do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo, líder de uma das cinco famílias que dominavam o GES, morreu em janeiro de 2022.
O ex-presidente do BESI já sugeriu que, em 2014, o antigo banqueiro o tentou subornar para não falar sobre a gestão do Grupo.
Sendo a primeira testemunha a ser ouvida em julgamento, o antigo presidente do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo (GES) foi inquirido pelo Ministério Público (MP) no dia 02 de outubro de 2015.
Então, António Ricciardi explicou que pensou deixar em 2008 a presidência do conselho de administração do BES, com 89 anos, mas que, face aos pedidos da família, aceitou continuar na administração de diversas sociedades do grupo, nomeadamente a Espírito Santo Control (ESC), Espírito Santo International (ESI) e Espírito Santo Financial Group (ESFG). De acordo com a acusação, António Ricciardi limitava-se a assinar os documentos que lhe apresentavam.
O despacho do Ministério Púbico destaca que António Ricciardi "referiu que acreditava que os assuntos eram decididos por Ricardo Salgado”. "As emissões não eram aprovadas em reuniões do Conselho de Administração da ESI, sendo que, também as atas eram remetidas por Ricardo Salgado e a testemunha, simplesmente, assinava".
A sessão ficou marcada, na quarta-feira, por um requerimento apresentado pela defesa de Ricardo Salgado que pretendia impedir a audição dos depoimentos do antigo banqueiro, na fase de inquérito, há nove anos. Os advogados alegaram que o ex-banqueiro, estando ausente, não poderia fazer o contraditório, o que representa um risco de nulidade.
No entanto, o entendimento da juíza foi outro e decidiu avançar com a audição do depoimento gravado.