Síria apela a levantamento das sanções internacionais

por RTP
Assaad al-Shibani, MNE da Siria, em Davos, janeiro de 2025 Yves Herman - Reuters

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Síria revelou, esta quarta-feira, que o novo governo sírio pretende criar uma "economia aberta" e que está a estudar parcerias público privadas para desenvolver o país e privatizar alguns setores, incluindo o petrolífero. As sanções impostas à Síria têm contudo de desaparecer, referiu.

"O levantamento das sanções económicas é a chave para a estabilidade na Síria", apelou Assaad al-Shibani, num debate com o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, durante o Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça.

As sanções económicas visaram o regime do presidente sírio Bashar al Assad, deposto há mais de um mês por uma coligação de grupos islâmicos. A 12 de janeiro, a Arábia Saudita apelou ao levantamento das sanções após uma reunião em Riade de diplomatas europeus e do Médio Oriente sobre a Síria.

"A razão para estas sanções reside agora em Moscovo", disse Shibani, referindo-se ao presidente deposto que se refugiou na Rússia, acrescentando que "o povo sírio não deveria ser punido".

"Herdamos do regime de Assad um Estado arruinado, não existe sistema económico", prosseguiu, expressando esperança de que "no futuro a economia seja aberta".

Ao diário britânico Financial Times, Shibani revelou, também esta quarta-feira, que o novo governo transitório sírio criou uma comissão para estudar "a situação económica e as infra-estruturas da Síria".

A missão do estudo irá centrar-se "nos esforços de privatização, particularmente nos sectores do petróleo, do algodão e das fábricas de mobiliário".

A Síria "examinará parcerias público-privadas para encorajar o investimento em aeroportos, ferrovias e estradas", acrescentou.

Promessas repetidas em Davos. Damasco vai abrir a sua economia aos investidores estrangeiros e está a trabalhar já em parcerias com Estados do Golfo, nos setores da energia e eletricidade, afirmou Shibani.

As potências ocidentais, nomeadamente os Estados Unidos e a União Europeia, castigaram o governo de Assad após a repressão das manifestações pró-democracia em 2011, que desencadeou uma guerra civil, na qual morreram mais de meio milhão de sírios e tendo sido ainda deslocadas milhões de pessoas.

Antes de qualquer alívio das sanções, as potências ocidentais, contudo, deverão preferir esperar para ajuizar as ações das novas autoridades dominadas pelo grupo radical islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), antigo braço sírio da Al-Qaeda.
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