Donald Trump e Xi Jinping prometem melhorar relações

por RTP
Donald Trump e Xi Jinping num encontro bilateral em 2019 durante a cimeira do G20 em Osaka, Japão Kevin Lamarque - Reuters

Donald Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping, falaram esta sexta-feira por telefone, pela primeira vez em quatro anos, tendo debatido vários assuntos, como o comércio, a crise do fentanil ou a plataforma TitkTok. Uma conversa que ambos descreveram como positiva.

Donald Trump, que assume novamente segunda-feira a Administração norte-americana, descreveu a chamada como “muito boa” e o líder chinês disse esperar um “bom arranque” nas relações bilaterais entre as duas superpotências, que diferem entre si em múltiplos aspectos.

“Espero que resolvamos muitos problemas juntos, a partir de agora”
, escreveu o republicano na sua rede, Truth Social.

A mesma esperança do lado de Xi Jinping. “Ambos atribuímos grande importância à interação mútua (e) esperamos que as relações China/Estados Unidos tenham um bom arranque durante o novo mandato do presidente norte-americano”, disse o presidente chinês, segundo a televisão estatal CCTV. Existem inúmeras divergências entre os dois países, que podem extravasar para os próximos anos, a começar no domínio comercial e a terminar no controlo da Ásia, em especial de Taiwan.


Ambos os presidentes garantem que a manutenção da paz continua a ser a sua prioridade.

“O Presidente Xi e eu faremos todos os possíveis para fortalecer a paz mundial e torná-la mais segura!”, escreveu Donald Trump, enquanto Xi Jinping assegurava que “os Estados Unidos e a China são os países mais importantes do mundo de hoje e devem manter a longo prazo a amizade e fiscalizar conjuntamente a paz mundial."

Apesar das palavras amigáveis, o entendimento entre os dois líderes poderá endurecer rapidamente. EUA e China lideram dois blocos antagónicos que ameaçam levar o mundo para um conflito devastador se não houver contenção.

Pequim é próximo da Rússia e do Irão, opositores da estratégia norte-americana para o Médio Oriente e Europa. Contudo, os interesses chineses poderão vir a colidir com os de Moscovo em termos de domínio geopolítico e comercial.

A Ásia anuncia-se como um dos maiores polos de discórdia entre Washington e Pequim. A China tem ameaçado aliados norte-americanos como as Filipinas e Taiwan. Tem igualmente investido intensamente na modernização e alargamento das suas forças militares, reforçando o seu domínio naval e aéreo na região.
Xi desagradado com Rubio
Durante o seu primeiro mandato, Donald Trump travou uma guerra comercial feroz com a China, impondo tarifas elevadas sobre as importações da segunda maior economia do mundo. Agora, ameaçou impor medidas ainda mais duras, acusando Pequim de práticas comerciais desleais e de contribuir para uma crise devastadora do fentanil nos Estados Unidos.

Na quinta-feira, Pequim denunciou “ataques injustificados” contra si depois de Marco Rubio, escolhido por Donald Trump para chefe da diplomacia, ter descrito a China como “o adversário mais poderoso e perigoso” dos Estados Unidos, durante uma audição no Senado norte -americano.

O antigo senador pela Florida considerou ainda que, para evitar uma invasão de Taiwan pela China, os Estados Unidos devem mostrar a Pequim que o preço a pagar seria “demasiado elevado”. A China e Taiwan coexistem desde 1949 com governos separados, mas Pequim reivindica a ilha como parte integrante do seu território e não descarta o uso da força para a assumir.

“A não ser que haja uma mudança espectacular”, o mundo enfrentará este problema “antes do final da década”, disse o muito provável futuro secretário de Estado norte-americano, cuja nomeação deverá ser aprovada pelo Senado.

Xi Jinping respondeu que "a questão de Taiwan está relacionada com a soberania nacional e a integridade territorial da China, e esperamos que os Estados Unidos a tratem com cautela. A essência das relações comerciais e económicas da China e dos Estados Unidos é o benefício mútuo e os resultados em que todos ganhem, e não devemos escolher o confronto e o conflito."

Em dezembro, o presidente chinês disse que a China estava disposta a dialogar e “expandir a cooperação” com os Estados Unidos, mas avisou que uma guerra comercial “não produziria vencedores”.

Segundo a agência oficial chinesa Xinhua, Donald Trump disse ao presidente chinês que anseia por um encontro entre ambos em breve.

A China anunciou que Xi Jinping enviaria o vice-presidente Han Zheng para assistir à tomada de posse de Donald Trump, na segunda-feira, em Washington.
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