O elevado consumo de carne vermelha processada, como salsichas, mortadela ou bacon, aumenta o risco de desenvolvimento de demência, segundo um novo estudo publicado na revista Neurology.
O consumo excessivo de carnes vermelhas processadas está associado ao risco de desenvolvimento de cancro, conforme já tinha concluido a Organização Mundial da Saúde, em 2015.
Este novo estudo, que analisou a ingestão de carne vermelha processada a longo prazo, revela que os indivíduos que consomem grandes quantidades de carnes vermelhas têm maior probabilidade de desenvolver demência, doença que afeta cada vez mais a população. Estima-se que só em Portugal, cerca de 200 mil pessoas vivam com a doença, segundo a informação divulgada pelo CNS- Campus Neurológico.
O principal objetivo do estudo foi examinar a associação entre o consumo de carne vermelha processada e múltiplos resultados cognitivos. Na fase de observação, os investigadores avaliaram a dieta dos participantes através de um questionário alimentar realizado com frequência. A amostra incluiu 133.771 participantes livres de demência com a idade média de 49 anos no início do estudo. Desses, 11.173 indivíduos desenvolveram a doença.
Os resultados evidenciaram que os indivíduos que consumiam um elevado número de carne vermelha processada - inicialmente cerca de 100 gramas por semana - apresentavam um risco 13 por cento superior em desenvolver demência, em comparação com os participantes que tinham um consumo mais reduzido, isto é, de menos de três porções.
No entanto, o estudo não consegiu estabelecer uma relação direta de causa e efeito, uma vez que não foi encontrada uma associação significativa entre o consumo de carne vermelha processada e o risco de demência ou outros problemas relacionados com o declínio cognitivo.
No entanto, foi possível observar um aumento de 16 por cento no risco subjetivo do comprometimento cognitivo em pessoas que consumiam sete porções de carne por semana, em relação aos participantes que tinham um consumo menor.
Dong Wang, um dos autores do estudo do hospital Brigham and Women's de Boston, explicou as razões para o risco associado ao consumo.
“Tem altos níveis de gordura saturada e, em anteriores estudos, demonstrou aumentar o risco de diabetes tipo 2 e doenças cardíacas, ambos relacionados a problemas de saúde cerebral”, citado no jornal espanhol El País.
Os problemas de saúde associados ao elevado consumo de carnes vermelhas já foram analisados em diversos estudos ao longo dos anos, evidenciando os danos que esses alimentos podem provocar no cérebro, visto que podem induzir a resistência à insulina.
Em julho de 2021, um estudo publico na National Library of Medicine investigou a relação entre o consumo de carne e o risco de demência e comprovou que o aumento de 44 por cento no risco de demência e 52 por cento no risco de Alzheimer está associado ao aumento do consumo de carnes processadas.
O estudo não sugere a eliminação da carne vermelha da dieta para manter um estilo de vida saudável. Contudo, adverte que o consumo de alimentos processados, que contêm elevados níveis de açucares, sal, corantes, conservantes e substâncias nocivas, deve ser evitado.