Violência no Reino Unido contra imigração. Prisões prontas para "manifestantes criminosos"

por Carla Quirino - RTP
Confrontos junto a um hotel perto de Rotherham, no norte da Inglaterra, que abriga migrantes. Ioannis Alexopoulos - Anadolu via AFP

Repete-se a violência dos protestos nas ruas de várias cidades britânicas. A secretária do Interior adverte que as prisões "estão prontas" para a "minoria criminosa de brutamontes" que se têm revoltado no Reino Unido, durante dias consecutivos, contra a imigração, incendiando bibliotecas e atacando hotéis e locais de culto. Foram já detidas mais de 170 pessoas.

A secretária britânica do Interior, Yvette Cooper, reúne-se de emergência, esta segunda-feira, com as forças de segurança (COBRA) para discutir respostas aos confrontos entre manifestantes de extrema-direita e polícia.

Os protestos contra a imigração intensificaram-se no domingo e estão a alastrar por toda a Inglaterra.
Cooper afirmou que as prisões "estão prontas" para a "minoria criminosa de brutamontes". Descreveu que os envolvidos feriram dezenas de policias, “atacaram mesquitas e causaram danos criminais”, por isso são “uma minoria criminosa e delinquente”.

“Eles não falam pelas nossas comunidades”, afirma. E adverte: “Nós garantimos que haja procuradores adicionais, que haja prisões, que as vagas nas prisões estejam prontas e também que os tribunais estejam prontos”.

"Deixámos bem claro junto da polícia que eles têm o nosso total apoio na aplicação de toda a gama de processos e penas, incluindo sentenças de prisão severas, marcação de longo prazo, proibições para viajar e muito mais”, assegura Cooper.
Fim de semana com mais de 170 detenções

No sábado, as manifestações espalharam-se por diversas cidades do país, como Liverpool, Bristol e Manchester. Lojas e empresas foram vandalizadas e saqueadas e vários policias ficaram feridos.

A desordem de domingo ocorreu em cidades mais pequenas do que as de sábado, como Lancaster e Bolton, no noroeste, e também Aldershot, no sul da Inglaterra.

Centenas de manifestantes anti-imigração reuniram-se junto a um hotel perto de Rotherham, no norte da Inglaterra, que abriga migrantes.

A polícia local disse que dez agentes ficaram feridos durante os confrontos com a multidão de 700 pessoas. Muitos dos grupos usavam máscaras ou balaclavas e atiraram tábuas de madeira e extintores de incêndio à policia antes de partir as janelas do hotel.

"As ações irracionais daqueles que agiram hoje não conseguiram nada além de pura destruição e deixaram o público e a comunidade em geral com medo", disse Lindsey Butterfield, chefe assistente da polícia de South Yorkshire.
"Violência sem sentido"

Em Middlesbrough, no nordeste, o protesto resultou em "violência sem sentido" e foi dado um alerta à população para evitar o centro da cidade. Foram presas 43 pessoas.

O Ministério do Interior adiantou que as mesquitas receberiam segurança adicional sob os novos acordos após ameaças contra estes locais de culto, inclusive em Middlesbrough.

Ainda no domingo o primeiro-ministro britânico condenou “totalmente a violência da extrema direita que vimos neste fim de semana". Keir Starmer reiterou que os perpetradores enfrentarão toda a força da lei após dias de protestos anti-imigração que culminaram em ataque a hotéis onde estão alojados requerentes de asilo. Acrescentou que se tratava de violência criminosa e não de protesto legítimo.

Os protestos violentos eclodiram diversas cidades por toda a Grã-Bretanha após um ataque à facada, durante uma aula de dança infantil em Southport, no noroeste da Inglaterra, na semana passada. Morreram três meninas e várias outras foram feridas.

Os assassinatos foram aproveitados por grupos anti-imigrantes e anti-muçulmanos, à medida que se espalhava a informação, alegadamente errada, de que o suposto agressor era um imigrante e um islâmico radical. A polícia apenas adiantou que o suspeito nasceu na Grã-Bretanha, e por ser menor não pode acrescentar mais informação. Disse ainda que o caso não está a ser tratado como um incidente terrorista.
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