"Sou sócio da Amnistia". PR quer ir ao Catar dizer o que pensa sobre Direitos Humanos

Depois das polémicas declarações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre os Direitos Humanos no Catar, na quinta-feira à noite, a Amnistia Internacional condenou as palavras do presidente da República e alguns líderes partidários apelaram a que não viajasse até ao país, onde vai decorrer o Mundial 2022. Aos jornalistas o chefe de Estado esclareceu que, tal como em todas as visitas de Estado, esta também foi aprovada pela Assembleia da República e pretende aproveitar a oportunidade para dizer o que pensa sobre "democracia, direitos humanos e liberdade".

Inês Moreira Santos - RTP /
Paulo Cunha - Lusa

“Não vivemos num regime presidencialista, por isso o presidente só pode sair em visita oficial com autorização da Assembleia”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa. “Eu pedi à Assembleia que manifestasse a sua autorização à minha deslocação ao Catar”.

Como recordou o presidente, “tradicionalmente” vai “com o senhor presidente da Assembleia da República e com o senhor primeiro-ministro, a jogos diferentes”. E, por isso, trata-se de uma “ida dos vários órgãos do poder político”.

Além disso, o presidente da República tem uma visita prevista até ao Egito para se reunir com o seu homólogo, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi.
Supondo que todos “os fatores estão reunidos” para que seja possível esta visita oficial do presidente da República, a intenção de Marcelo Rebelo de Sousa é de dizer o que pensa sobre os Direitos Humanos, tanto em território português como no Catar.

“É o que tenho feito. Fiz isso noutros países que não têm regimes democráticos, com os quais mantemos relações diplomáticas”, recordou ainda.

“No caso do Catar, há duas dimensões que ontem apontei (…) Uma é sobre os Direitos Humanos em termos de liberdade das pessoas (…) Outra é mais específica, que são os Direitos Humanos dos trabalhadores que trabalharam na construção dos estádios e cuja situação foi dramática em vários casos”.

Se houver autorização do Parlamento, o presidente admitiu que “vai pela seleção nacional” em visita oficial ao Catar e vai ter oportunidade para falar sobre “a democracia, os Direitos Humanos e a liberdade”.

“Vou esperar” pela decisão da Assembleia, frisou.

Quanto às declarações sobre os Direitos Humanos na quinta-feira à noite, o presidente afirmou que decidiu “levantar a questão” porque era “a primeira ocasião que tinha” para se pronunciar sobre o assunto.

E sobre a “indignação” expressada pelo diretor da Amnistia Internacional, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que é “sócio da Amnistia” e que não tem visto muitos chefes de Estado “a ser tão veemente e tão claros na condenação do que se passa em termos de direitos humanos no Catar, sendo que é um país com que mantemos relações diplomáticas”.

“Acho que fiz bem em levantar a questão”
.
PUB