Ministra da Saúde aceita pedido de demissão do diretor-executivo do SNS

por RTP
Foto: António Pedro Santos - Lusa

A ministra da Saúde aceitou o pedido de demissão apresentado esta sexta-feira pelo diretor-executivo do SNS. António Gandra D'Almeida apresentou a demissão, atribuindo a decisão à divulgação de "uma reportagem num órgão de comunicação social" que revela alegadas incompatibilidades.

"Atendendo às circunstâncias e a importância de preservar o SNS, a Ministra da Saúde aceitou o pedido de demissão. O novo Diretor Executivo do SNS será anunciado nos próximos dias", pode ler-se, numa nota enviada pelo ministério.

A demissão de Gandra D'Almeida segue-se à divulgação de uma reportagem da SIC que revela alegadas incompatibilidades. Segundo a investigação, o diretor-executivo do SNS acumulou, durante mais de dois anos, as funções de diretor do INEM do Norte, com sede no Porto, com as de médico tarefeiro nas Urgências de Faro e Portimão.

Segundo o canal, a lei diz que é essa acumulação incompatível, mas António Gandra D'Almeida conseguiu que o INEM lhe desse uma autorização com a garantia de que não ia receber vencimento.

No entanto, através de uma empresa que criou com a mulher e da qual era gerente, terá recebido "mais de 200 mil euros por esses turnos", adiantou a SIC.

Gandra d´'almeida garante que não cometeu nenhuma ilegalidade, mas que entrende sair "para defesa do SNS" e protecção da sua família.

"Embora entenda que não cometi qualquer ilegalidade ou irregularidade, para defesa do SNS e, com não menos importância, para proteção da minha Família e do futuro que queremos seja de dignidade, pedi, hoje mesmo, a Sua Excelência a Ministra da Saúde, que me dispense de imediato do exercício das minhas atuais funções", pode ler-se numa nota.

António Gandra D'Almeida afirma que a reportagem "contém imprecisões e falsidades" que lesam o seu nome e, portanto, "a condição primeira para que possa servir, com toda a liberdade o SNS, os seus profissionais e os seus utentes, e honrar o convite" que lhe foi feito pelo Governo.

Na nota do Ministério da Saúde, Ana Paula Martins agradeceu "o trabalho competente realizado" pelo diretor-executivo e "o esforço que toda a equipa que sob a sua direção tem sido realizado para servir os portugueses nestes tempos difíceis", esperando "que a situação se esclareça no mais breve prazo".

A 22 de maio de 2024, o Ministério da Saúde anunciou que tinha escolhido o médico militar António Gandra D´Almeida para substituir Fernando Araújo como diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, no mês seguinte, o Conselho de Ministros aprovou a sua designação para o cargo.

Gandra D´Almeida, especialista em cirurgia geral, foi diretor da delegação do Norte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) a partir de novembro de 2021 e, nas Forças Armadas, acumulou funções de chefia e de coordenação.

Foi escolhido pelo Governo na sequência da demissão apresentada por Fernando Araújo no final de abril de 2024, depois de liderar a Direção Executiva do SNS durante cerca de 15 meses, alegando que não queria ser um obstáculo ao Governo nas políticas e nas medidas que considerasse necessário implementar.

c/Lusa
Tópicos
PUB