Ouvida no Parlamento. Ministra assume "total responsabilidade" por crise no INEM
Ana Paula Martins está esta terça-feira a ser ouvida pelo Parlamento, no âmbito da proposta de Orçamento de Estado para 2025. No entanto, a crise no Instituto Nacional de Emergência Médica dominou a intervenção inicial da ministra da Saúde, que procurou assumir "total responsabilidade" pelas falhas da última semana.
Na sua intervenção inicial, Ana Paula Martins referiu-se ao aumento no número de chamadas diárias para o INEM, “sendo hoje cerca de quatro mil por dia”, mas também à diminuição do número de técnicos e ao facto de “os tempos de espera têm aumentado”.
Quanto ao número de técnicos, atualmente o INEM tem pouco mais de 850, quando o que estava previsto era ter 1.341. A ministra contabiliza assim que faltam “483 técnicos” para atender as chamadas de emergência médica.
A ministra recordou que ocorreram duas greves no dia 4 de novembro e pelo menos um dos turnos de "oito horas não cumpriu os serviços mínimos por falta de recursos humanos".
Ana Paula Martins enumerou ainda a abertura de concursos para técnicos de emergência e a aquisição de mais veículos para o INEM.
Terminada a declaração inicial, a ministra começou por ser questionada pela socialista Mariana Vieira da Silva sobre temas da proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano. Adiante, o deputado do PS João Paulo Correia acusaria governante de mentir, ao afirmar que não estava à espera da greve dos técnicos de emergência hospitalar.
"A senhora ministra mentiu, porque há provas, e a seguir vai responder e vai dizer se de facto o seu Ministério, o seu gabinete, a senhora ministra, a senhora secretária de Estado, o presidente do INEM receberam ou não receberam comunicações do sindicato" sobre os impactos da paralisação, enunciou.
"Como é que pode ter dito que não estava à espera do que estava a acontecer e que não tinha conhecimento? Isso é inaceitável", acentuou João Paulo Correia. Na réplica, Ana Paula Martins quis refutar as acusações: "Não posso deixar de lhe dizer - e assumo completamente aquilo que lhe vou dizer olhos nos olhos - que a sua falta de urbanidade no tratamento, ao afirmar que eu menti, é algo que considero pessoalmente grave, e sabe porquê, senhor deputado? Porque eu não menti, eu não menti".Para esta terça-feira à tarde está agendada uma visita da ministra da Saúde ao INEM.
A ministra alegou ter sido surpreendida no dia em que soube que estavam a decorrer duas greves por dois motivos.
"A greve de dia 4 foi uma greve da Administração Pública que não era suposto ter impacto no INEM", atalhou. A segunda razão, segundo a titular da pasta da Saúde, é a de que o Governo estava, desde junho, a trabalhar para dar início a uma negociação sindical.
"Houve uma coisa que é verdade, que não fizemos. Não reunimos com os técnicos, de facto, antes do dia em que acabei por me reunir por uma razão: nós precisávamos e precisamos de ter uma tabela salarial que esteja absolutamente sólida para propor ao sindicato", redarguiu.
c/ Lusa