Um retrato de dois pintores geniais, na sua visão particular do mundo
Três séculos separam Edward Hopper de Johannes Vermeer, três séculos separam "Escritório de Nova Iorque" de "Mulher de Azul a Ler uma Carta", dois séculos unem dois artistas na sua visão particular do mundo. Tanto Hopper como Vermeer cultivam o mistério: as suas pinturas estão discretamente pontilhadas de símbolos e atitudes enigmáticas focadas em, ou em direção a algo que nos escapa, o objeto em torno do qual a pintura se organiza. Ambos têm a ambição consciente de tornar a figura humana presente, próxima, mas ao mesmo tempo protegida de qualquer comunicação direta. Sem conhecermos as personagens que revelam, adivinhamos o seu problema e sentimo-lo. Cada um dos artistas lança um olhar único sobre os indivíduos, confinados no seu espaço privado. Ao partilharem connosco o isolamento das suas personagens, vivenciamo-lo coletivamente. Ambos têm a perceção de uma realidade profunda e transcendente, superior à "realidade comum" que ocupa o nosso dia a dia. Este é um retrato cruzado que destaca o diálogo anacrónico omnipresente entre os dois pintores geniais.
