Os adeptos do Manchester United já manifestaram o seu agrado com a contratação de José Mourinho Reuters

José Mourinho: caminhada até ao topo

José Mourinho é a escolha para o comando técnico do Manchester United. Desde que saiu do Real Madrid para regressar ao Chelsea (de onde foi despedido uma segunda vez), o nome do português foi sempre cogitado para a sucessão de Sir Alex Ferguson. Depois de uma época de David Moyes e dois anos de Louis Van Gaal, o special one vai mesmo cumprir aquilo que há muito se esperava dele: liderar os Red Devils no mítico Old Trafford. Mas qual foi o caminho percorrido por José Mourinho até chegar a mais uma cadeira de sonho? Começando a saga nos bancos no Vitória de Setúbal e Estrela da Amadora, foi com Bobby Robson que aprendeu muito do que hoje espalha taticamente pelos campos de futebol. O sucesso, no entanto, chegou no FC Porto.

Começou como jogador mas a carreira não durou muito. Jogava a médio e esteve em equipas como Belenenses, Rio Ave ou Sesimbra, terminando a curta carreira no Comércio e Indústria em 1987. A partir daí começou a carreira no banco de suplentes com o Estrela da Amadora a abrir-lhe portas como adjunto.

Seguiu-se o convite irrecusável de Bobby Robson para ser seu adjunto no Sporting CP, já em 1992. Apelidado de "tradutor", José Mourinho seguiu caminho com o técnico britânico para o FC Porto e FC Barcelona.

Na Catalunha esteve nas grandes vitórias com Robson e quando o icónico treinador saiu para a Holanda, tendo em vista representar o PSV Eindhoven, Mourinho manteve-se no Barcelona como adjunto de Louis Van Gaal. Ironicamente o treinador que vai substituir em Old Trafford.



Foi apenas em 2000 que surgiu a primeira oportunidade de chegar ao cargo de treinador. Foi no Sport Lisboa e Benfica, durante a presidência de João Vale e Azevedo.

Jupp Heynckes foi substituído pelo português depois de uma campanha fraca no princípio da época e o ponto alto da sua passagem pela Luz acontece frente ao Sporting CP, numa vitória por 3-0.

Vale Azevedo sai e Manuel Vilarinho é o novo presidente do Benfica. José Mourinho não durou muito mais tempo no comando técnico dos encarnados e acabou por ser substituído por Toni. Nessa mesma época começa a segunda experiência como treinador: na União de Leiria.
Hegemonia do FC Porto
Em 2002 Mourinho chega ao FC Porto, substituindo Octávio Machado do comando técnico dos dragões e acabando o campeonato no terceiro lugar.

Os dois anos seguintes trariam um FC Porto absolutamente dominador. Dois campeonatos ganhos, aos quais ainda juntou uma Taça de Portugal. De uma forma incrível leva o clube português a vencer a Taça UEFA em 2003 e a conseguir o impensável no ano seguinte.



Em 2004 o FC Porto surpreendeu a Europa do futebol e arrebatou a Liga dos Campeões, depois de eliminar grandes equipas como Manchester United, Olympique de Lyon ou Deportivo da Corunha. A final, disputada em Gelsenkirchen, trouxe o AS Monaco, "presa fácil" para os dragões, que venceram por 3-0 com golos de Deco, Carlos Alberto e Alenitchev.
A passagem para o Chelsea
Depois de duas épocas fantásticas no FC Porto, Mourinho foi cobiçado de pronto pelo magnata russo Roman Abramovic para o comando técnico do Chelsea. Até à data (2004), os Blues haviam apenas ganho uma Premier League na sua história e não tardou muito até os adeptos da equipa londrina voltarem a festejar um título.



Nas primeiras duas temporadas, o Chelsea, superlativo, sagrou-se campeão e arrebatou uma Taça de Inglaterra, duas taças da Liga e uma Supertaça, denominada Community Shield.

Na terceira temporada, o Manchester United, de Alex Ferguson e Cristiano Ronaldo, não deu hipóteses e tirou o título de campeão ao Chelsea. Nessa altura, há muito que Mourinho havia deixado o comando técnico dos Blues por rescisão de contrato logo em setembro de 2007.
Em Milão, sê Rei

Depois do despedimento do Chelsea, em 2008 José Mourinho regressou ao trabalho. O clube escolhido foi o Inter de Milão, de Massimo Moratti.

O sucesso que teve no FC Porto e foi confirmado no Chelsea continuou por terras milanesas. O Internazionale dominou a cena futebolística em Itália, enquanto Mourinho la esteve. Dois anos, duas séries A no pecúlio, uma Taça de Itália e Supertaça.



O maior sucesso de Mourinho em Milão foi conseguir aquilo que não alcançou em Londres: a Liga dos Campeões.

Numa equipa de estrelas como Zanatti, Figo, Júlio César, Diego Milito, Maicon, Marco Materazzi, Chivu, Cambiasso, Sneijder, Pandev ou Samuel Eto’o, o português criou uma esquadra vencedora, que bateu o Bayern Munique na final da Champions de 2010, com um bis de Milito que elevou novamente José Mourinho à glória europeia.
Madrid: reais polémicas, reais problemas
Em 2010 José Mourinho chegou a Madrid. Depois de já ter sido adjunto no FC Barcelona, o português foi contratado pelo Real Madrid para bater o super-Barcelona de Pep Guardiola.

Foram três épocas na capital espanhola e em todas elas Mourinho venceu títulos. Ainda conseguiu rivalizar com o Barcelona, mas apenas em alguns momentos. Na primeira temporada, um golo de Cristiano Ronaldo valeu uma Taça do Rei. Na segunda época, a Liga Espanhola foi ganha com um recorde de golos marcados e pontos averbados. E no princípio do terceiro a Supertaça caiu para o lado do Real Madrid.



Foram os únicos títulos ganhos por Mourinho no Real Madrid e serve-lhe de consolação que o tenha conseguido fazer contra o Barcelona de Guardiola. No entanto, ninguém esquece aquela que foi a maior derrota da sua carreira: os catalães, sem dó nem piedade, derrotaram o Real Madrid por uns concludentes 5-0.

Os últimos meses de Mourinho foram passados em polémicas com os jogadores do próprio plantel. A saída tornou-se iminente e o regresso a Inglaterra tornou-se numa certeza para os adeptos da Premier League.
Regresso a um lugar onde foi feliz
Normalmente diz-se que não se deve regressar a um lugar onde já se foi feliz. Mas Mourinho não quis saber e o Chelsea promoveu o regresso do técnico português com o intuito de voltar a vencer a Premier League e em ter sucesso na Liga dos Campeões.

A primeira época, já em 2013, não foi de sucesso para Mourinho, que sem uma equipa estruturada acabou sem títulos. No entanto, o segundo ano foi muito diferente. Com as contratações de Césc Fabregas e Diego Costa, o Chelsea ganhou ímpeto e voltou a sagrar-se campeão, à frente do Manchester City.

Mas mais uma vez polémicas e problemas no balneário acabaram com a carreira do special one no Chelsea. Com nove vitórias em 25 jogos na época que agora finda, Mourinho acordou o despedimento em dezembro de 2015.



Agora segue-se o "teatro dos sonhos".