A crise no mercado de transferências

por Antena 1 c/ LUSA
Legenda da Imagem Pedro Araújo Pina / Antena 1

Terminou no dia 31 de agosto o prazo para os clubes portugueses poderem vender ou comprar jogadores, e, em tempo de crise, nem o futebol escapou aos cortes. Em relação à última época foram gastos menos 76 milhões de euros (ME), com o Benfica a ser o clube que mais investiu no plantel.

Depois dos 123,1 ME gastos no verão de 2011, as 16 formações que militam na principal competição do futebol português fizeram uma clara "marcha atrás", ao investirem 46,8 ME no mercado deste ano, acompanhando assim a tendência europeia, com exceção da Inglaterra, Alemanha e França, que gastaram mais que no último mercado, e mantendo o sétimo lugar dos países que mais investiram em contratações.

Compras


O Benfica foi, indiscutivelmente, o clube que mais dinheiro investiu na aquisição de novos futebolistas, mas manteve alguma coerência em relação ao último ano. Com um total de 26,2 ME utilizados na compra dos extremos Salvio e Ola John, o clube da Luz gastou menos 1,5 ME que em 2011. O argentino, ex-Atlético de Madrid, custou aos "cofres" benfiquistas 11 ME, enquanto o holandês, proveniente do Twente, obrigou os "encarnados" a desembolsar nove milhões pelo seu passe. 

As "águias" ocupam assim o 21.º lugar no ranking dos clubes mais gastadores na Europa, a apenas 750 mil euros do Hamburgo, a última equipa no top-20, e ficam à frente de clubes como o Borussia Dortmund (campeão alemão), Valencia e o AC Milan.
 
No segundo lugar dos clubes que mais gastaram surge o FC Porto, com 11,7 ME gastos em três atletas, sendo que o caso dos "dragões" foi o mais flagrante no que à contenção diz respeito, já que em 2011/12 haviam superado os 60 ME.  O internacional colombiano Jackson Martínez (ex-Jaguares) foi adquirido por 8,8 ME, ao passo que o guardião brasileiro Fabiano Freitas (ex-Olhanense) obrigou o campeão nacional a dispensar 1,2 ME.
 
No último dia de mercado, foi ainda contratado o jovem lateral esquerdo colombiano Héctor Quiones (ex-Junior Barranquilla), por 1,7 ME.   

Já o Sporting, com 8,9 ME investidos em três jogadores, ficou-se pelo terceiro lugar do "ranking" e, à semelhança do FC Porto, baixou consideravelmente os valores praticados na época passada (28,3 ME). Os argentinos Marcos Rojo (ex-Spartak de Moscovo) e Viola (ex-Racing de Avellaneda) foram os reforços mais caros dos "leões", tendo custado quatro milhões cada, enquanto o marroquino Labyad (ex-PSV) foi contratado por 900 mil euros. 

Apesar desta diminuição no investimento, os "leões" não foram capazes de reduzir o défice do clube, e registaram um prejuízo de 1,4 ME.

Quanto ao Sporting de Braga, limitou-se a adquirir jogadores livres (Ismaily, Carlão, Beto, Éder e Haas) ou por empréstimo (Rúben Micael e Manoel), em contraste com os 4,2 ME gastos em 2011/12.

Vendas
Tal como nas contratações, também as vendas sofreram uma quebra em relação à época passada. No verão de 2011 entraram nos cofres dos clubes portugueses 103,5 ME, mais 66,3 milhões que este ano.
 
Também neste particular o destaque pertence ao Benfica, clube que mais recebeu em transferências, num total de 27 ME (menos 8,3 ME que na época passada), muito por "culpa" da transação de última hora do espanhol Javi Garcia para o campeão inglês Manchester City. O negócio, que rendeu aos cofres da Luz 16 dos 20 ME que o jogador custou e que "salvou" o Benfica do prejuízo (lucros de 750 mil euros), entrou para o top-20 das contratações que mais dinheiro envolveram neste mercado na Europa.
 
No encalço das "águias" surge o FC Porto, com perto de 22,2 ME realizados com as vendas de Guarin, Álvaro Pereira, Janko e Belluschi, mas longe dos 45,8 ME da temporada passada.

O Sporting surge na terceira posição, ainda que longe dos dois "rivais", com quase 7,5 ME encaixados nas transferências de João Pereira, Matias Fernandez, Jaime Valdés e Luís Aguiar que possibilitaram um acréscimo de 185 mil euros em relação às vendas de 2011/12. 

A venda do brasileiro Lima ao Benfica, por quatro milhões de euros, à qual se juntam as transferências de Ewerton, para o Anzhi, e Mário Felgueiras, para o Cluj, elevam o Sporting de Braga ao quarto posto, com 5,1 ME em vendas, menos 2,9 ME que na época passada. 
 
Entre os restantes clubes da I Liga, Nacional da Madeira (1,7 ME) e Olhanense (um milhão) conseguiram verbas consideráveis para os seus "cofres", graças às vendas de Neto, no caso dos madeirenses, e de Fabiano Freitas, Cauê e Salvador Agra, no caso dos algarvios. 
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