Hóquei em campo: a segunda vida do Atlético CP

por Inês Geraldo, Nuno Patrício - RTP
O Atlético já entrou em campo para a Supertaça Facebook Oficial Atlético CP

São onze contra onze e no fim não vence necessariamente a Alemanha. Falamos de hóquei em campo, uma modalidade olímpica pouco conhecida em Portugal mas com grande protagonismo no resto do mundo. A RTP deslocou-se ao Complexo Desportivo do Jamor para ver os treinos do Atlético, que 37 anos depois regressa ao hóquei em campo e espera vencer títulos com uma equipa totalmente amadora mas com armas para se mostrar em grande nível tanto em Portugal, como na Europa.

É considerada uma das modalidades mais velhas do mundo. Conta-se que o primeiro clube no hóquei em campo a ser conhecido nasceu em Inglaterra, em 1849, com um estilo de jogo primitivo e nada modernizado como acontece nos dias de hoje. A primeira partida internacional aconteceu em 1895. Colocou frente a frente o País de Gales e a Irlanda.

Os primeiros registos olímpicos do hóquei em campo datam de 1908, mas só 20 anos depois se tornaria, de facto, uma modalidade olímpica.

Em Portugal são poucos os que conhecem esta variante do hóquei devido à popularidade do hóquei em patins, mas no resto do mundo fala-se da terceira modalidade mais conhecida a nível mundial.

Com campos sintéticos e materiais de qualidade para a prática do jogo, o hóquei em campo é muito físico e vai buscar uma boa parte da sua inspiração ao futebol. As táticas utilizadas são as mesmas, as equipas também são constituídas por onze jogadores, tendo outras regras.

Uma das primordiais é o facto de não se poder jogar a bola com os pés. O esférico é jogado com um stick de fibra de carbono e apenas uma das faces é utilizável. Os golos só podem ser marcados dentro da grande área e a altura da bola a ser jogada tem um nível estipulado.



Em termos de cartões são utilizados três: o cartão verde, que dá uma suspensão de dois minutos, o cartão amarelo, que dá direito a sair num período de cinco a dez minutos e o cartão vermelho, que tal como no futebol significa uma expulsão permanente do campo.

Como materiais de proteção são usadas canaleiras, uma boqueira e luvas de proteção.

Para além do hóquei em campo outdoor, que é jogado de onze para onze, existe uma variante indoor, jogada dentro de um complexo e disputada de seis para seis.
O regresso do Atlético três décadas depois
O Atlético CP, clube da Tapadinha, teve há vários anos o hóquei em campo no seu leque de modalidades. No entanto, a mesma acabou por ser extinta e agora volta a renascer, preparada para vencer títulos.Vários jogadores ingressam neste projeto vindos do Carris que acabou por fechar portas, como campeão nacional.

O clube de Alcântara junta vários atletas que querem levar o Atlético a grandes voos, perfilando-se como um grupo totalmente amador mas que tem na sua força o espírito de família e união.

Uma nova era no hóquei em campo para o Atlético, que quer ver uma das suas antigas modalidades a voltar a brilhar, tal como aconteceu há vários anos.
As lutas de quem é jogador de hóquei em campo
Sendo uma modalidade desconhecida pelo nosso país, os jogadores encontram vários obstáculos para conseguirem conciliar os treinos e as partidas oficiais com a vida pessoal.

Tratando-se um desporto amador, a maioria dos atletas tem de se dar aos treinos em horários pós-laborais, para nos fins de semana poderem disputar o campeonato nacional ou outras partidas de cariz oficial.

João Miguel Silva tem 25 anos e faz parte deste grupo de "mosqueteiros" vindo do Carris, como campeão nacional. O jogador tenta afirmar-se no hóquei em campo, que joga há apenas dois anos e procura no futuro uma chamada à Seleção nacional.



João explica que a sua grande influência foi o irmão, jogador de há muitos anos e internacional por Portugal e revela que, a nível de clubes, o hóquei em campo se encontra subdesenvolvido, elogiando, por outro lado, a evolução das seleções de Portugal.

Carlos Silva é o expoente do hóquei em campo em Portugal. Considerado o melhor jogador da modalidade no país, é também um dos mais internacionais da seleção portuguesa, contando com mais de 100 presenças com a camisola das quinas.

Enquanto jogador experiente e capitão do Atlético, Carlos Silva explicou à RTP que começou a jogar por influência do seu pai e falou dos desafios que se sentem com a falta de apoios a nível de patrocínios, isto numa altura em que o clube de Alcântara vai disputar uma liga europeia em fevereiro, em Moscovo.



"Em termos de apoios, está tudo muito direcionado para o futebol", comenta Carlos Silva, que afirma ainda que o objetivo da época é tornar-se bicampeão nacional, depois de ter conseguido averbar o título pelo G.D. Carris.

Luís Silva é um dos jogadores mais experientes desta equipa de "mosqueteiros". Com 37 anos, já joga hóquei em campo desde os 16, já foi internacional por Portugal e disputou na época passada a Liga Mundial, em Lousada.

O jogador do Atlético revelou ter começado a jogar com um grupo de amigos e que, tal como muitos outros, teve no futebol o seu desporto de eleição.



Luís Silva joga com o irmão, João Miguel Silva, e fala de perspetivas futuras com a equipa de Alcântara. O jogador explica que gostava de voltar a vencer o título que conseguiu pelo Carris e de um regresso à Seleção Nacional.

Na Liga Europeia, Luís Silva espera um bom resultado e projetar o hóquei em Portugal.

Simão Pinheiro também é jogador do Atlético. Formado no Carris, onde foi campeão, o jogador de 20 anos começou a praticar hóquei em campo como um hobby.

O atleta faz parte da seleção de sub-21 (e também da seleção sénior) que conseguiu subir à primeira divisão europeia de seleções.

"Sim, no verão passado fui aos sub-21 e tivémos a oportunidade de ficar em segundo lugar e com esse resultado conseguimos obter o estatuto de jogadores de alta competição".



Sobre um possível projeto olímpico, o jogador afirma que no futuro poderá estar em preparação uma equipa capaz de disputar a maior competição desportiva do mundo, mas que nos próximos anos, que incluem o Rio de Janeiro 2016 e Tóquio 2020, os prazos "são apertados".
A Liga Europeia em Moscovo
A equipa da Tapadinha vai jogar na divisão B do eurohóquei. Os Mosqueteiros afirmam querer fazer um bom resultado, que consiga ter projeção em Portugal, e esperam poder adaptar-se a um local diferente.Carlos Silva é o único com experiência europeia, mas o Atlético diz estar preparado.

Em apenas dois dias, a equipa lisboeta vai disputar cinco partidas, o que vai exigir dos atletas uma grande disponibilidade física para se baterem da melhor forma.

Em fevereiro do próximo ano, Moscovo será o destino e o Atlético espera regressar com um grande resultado.
Os objetivos do Atlético em Portugal
Para os jogadores e equipa técnica do Atlético CP o objetivo é unânime: a revalidação do título nacional na vertente de hóquei de sala.

No entanto, não fica de parte a Liga Europeia que vai ser disputada, todos querem dar o seu melhor para levar o nome do clube bem alto.

Para o campeonato português, promete-se muita luta, garra e determinação para se sagrarem campeões nacionais.

Nestas imagens é possível ver o ambiente que se vive entre os jogadores do clube da Tapadinha  nos treinos e a vontade em se quererem afirmar no futuro.



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