Lusitano Club, em Lisboa, celebra 111 anos e inicia petição "pelo futuro" da coletividade

por Lusa
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O Lusitano Clube, em Lisboa, celebra na quinta-feira 111 anos, que serão assinalados com uma festa e o início da recolha de assinaturas para uma petição "pelo futuro" daquela coletividade, prestes a ficar sem instalações.

O centenário Lusitano Clube vai ter de abandonar até 15 janeiro o local onde está instalado desde a sua fundação, em 1905, no bairro de Alfama, já que o edifício foi vendido para ser transformado em apartamentos de luxo.

A petição "Pelo futuro do Lusitano Clube", a que a agência Lusa teve acesso, solicita à Assembleia Municipal de Lisboa e à Câmara "que providenciem canais de diálogo, de interação e de esforço conjunto no sentido de encontrar uma solução para uma futura sede para o Lusitano".

"Não queremos esmolas, nem pretendemos um tratamento diferenciado. Queremos que nos oiçam e que exista diálogo no sentido de encontrar soluções. Temos várias propostas a apresentar. Pedimos hoje que, urgentemente, trabalhem connosco para construir uma solução", lê no texto da petição, da autoria da direção do Clube.

A renegociação da renda do Lusitano Clube foi feita há um ano, tendo sido assinado um novo contrato para cinco anos. Mas, entretanto, o edifício foi vendido e a saída foi negociada com o novo senhorio, tendo o Lusitano Clube -- que se apresenta como um espaço criado para "promover a cultura e a aproximação das pessoas do bairro" - acordado deixar o imóvel recebendo uma indemnização.

Na quinta-feira, a festa começa pelas 18:00, com o hastear da bandeira e a comemoração com os sócios do clube.

Para as 19:00 está marcada a inauguração da exposição fotográfica da Agência Calipo, um clube coletivo de fotógrafos, às 20:00 há jantar e às 22:30 um concerto de Forró Mior, com entrada gratuita para sócios.

No final de setembro, o vereador do Urbanismo disse à Lusa que o projeto que previa a construção de "apartamentos de luxo" no edifício onde está instalado o Lusitano Clube, na Rua São João da Praça, foi indeferido.

Na altura, à margem de uma reunião da Assembleia Municipal de Lisboa, Manuel Salgado escusou-se a avançar quais as razões que levaram a essa decisão.

No mesmo dia, os deputados municipais aprovaram por unanimidade uma recomendação do Bloco de Esquerda que prevê que a Câmara de Lisboa "proceda a diligências com vista à possibilidade da manutenção do Lusitano Clube no mesmo local onde hoje se encontra".

O documento refere ainda que "na impossibilidade da concretização do ponto anterior, a Câmara deve diligenciar, ou procurar uma solução, em conjunto com o Lusitano Clube, para um espaço alternativo onde este clube possa continuar a sua atividade".

Ainda nesse dia, também o grupo parlamentar do Partido Ecologista "Os Verdes" enviou um requerimento ao município, onde questionou sobre "que solução está a ser equacionada para responder às necessidades e iniciativas em curso realizadas pelo Lusitano Clube".

O PEV quis também saber "qual a possibilidade de o clube permanecer no mesmo local ou, em alternativa, a Câmara lhes ceder novo espaço condigno na freguesia de Santa Maria Maior".

"Considerando a importância do movimento associativo para uma governação participada da cidade, quais as medidas de apoio que o executivo está a ponderar tomar para com outras coletividades de Lisboa com situações semelhantes, a fim de se evitar a ocorrência de casos análogos?", remata o documento.
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