Pelé enquanto jogador do Santos Direitos Reservados - DR

Pelé. Começa a aventura no Santos

Foi pela mão de Valdemar Brito que Pelé chegou à Vila para representar o Peixe. Já com um leque vasto de golos nas equipas juvenis, Pelé cedo se impôs no Santos. A 7 de Setembro de 1956, o jogador fez a estreia de forma auspiciosa pelo clube brasileiro.

O Corinthians de Santo André foi o primeiro adversário e o Santos aplicou uma goleada, com um golo do jovem Pelé. Vitória por 7-1, com o sexto golo a ser marcado pela lenda que ali viria a ser criada para o mundo. Com tanta qualidade nos pés, pouco durou até Pelé se tornar num das referências da equipa.

Cedo começou a jogar partidas atrás de partidas, torneios amigáveis, sem grande tempo de descanso. Até que chegou o primeiro contrato profissional da vida do astro brasileiro que traçou um rasto goleador que poucos conseguem alcançar em toda a carreira. Mais de 1000 partidas em que marcou mais de 1000 golos.

Aconteceu a 27 de Junho de 1957. Com apenas 16 anos, Pelé assinou o primeiro vínculo profissional da carreira. Como amador, o menino de Três Corações jogou 30 partidas pelo Santos tendo já um pecúlio de 18 golos. Venceu 19 jogos, perdeu sete e empatou apenas quatro.

Enquanto amador a última partida que realizou foi contra a 20 de junho de 1957, diante do Rio Branco, com um triunfo do Santos por 3-2.
Os Santásticos conquistam a América do SulComo profissional, Pelé fez parte de uma equipa demolidora que deliciou os adeptos de futebol no fim dos anos 50 e durante os anos 60. O Rei, como é apelidado, foi crucial na conquista de inúmeros títulos estaduais, nacionais, continentais e nos dois títulos mundiais arrebatados a equipas europeias.

O princípio dos anos 60 mostra mesmo isso. O Campeonato Paulista foi ganho com facilidade aos grandes rivais Corinthians e Palmeiras e o Santos conseguiu o apuramento para a Taça do Brasil que se disputou em 1961.

Com Coutinho a seu lado, Pelé tornou-se numa máquina de golos voraz e ao disputar as meias-finais da competição a nível nacional frente ao América RJ, o Santos goleou em duas partidas (6-2 e 6-1) e perdeu uma outra (1-0).

Na final, o Santos encontrou o Bahia e depois de um empate a um golo em Salvador, a dupla Pelé e Coutinho deu espetáculo, triunfando sobre o adversário por uns claros 5-1. Vitória histórica para o Peixe que alcançou o primeiro título nacional da sua história e conseguiu o apuramento para a Taça Libertadores, competição continental da América do Sul.

Novo sucesso para os Santásticos. Numa fase de grupos que “passeou” em campo frente a Cerro Porteño e Deportivo Municipal. Nas meias-finais, a Universidad Católica do Chile. Sem apresentar o grau de facilidade com que ultrapassou distintamente a fase de grupos, o Santos teve de se aplicar para alcançar a final.

Primeiro, com um empate a um golo em Santiago, na capital chilena, e depois, com uma vitória magra, de 1-0, na Vila Belmiro, com um golo de Zito. Uma final arrancada a ferros que ia ser disputada com o também histórico Peñarol.

Antes, Pelé representou o Brasil no Mundial de 1962, precisamente no Chile, mas terminou cedo a participação na competição depois de sofrer uma lesão que o levou a ser substituído na ‘Canarinha’ por Amarildo.

De regresso ao Santos, Pelé não pôde disputar a primeira mão da final, disputada no Paraguai, mas viu o Peixe a bater-se da melhor maneira e a ganhar o jogo por 2-1, com um bis de Coutinho. A segunda mão, em São Paulo, foi polémica. O Santos venceu por 3-2 mas o jogo seria invalidado pela CONMEBOL, depois de os adeptos terem atirado uma garrada de água para o relvado.

O Santos foi obrigado a disputar uma terceira partida, em terreno neutro, na Argentina. Em pleno Agosto, Pelé recuperou da lesão que sofreu no Mundial e marcou dois golos no triunfo por 3-0 que deu o primeiro título continental ao Santos. O primeiro para um clube brasileiro.

O melhor estaria para vir depois.
Campeões do mundo a dobrarOs anos de 1962 e 1963 trouxeram o reconhecimento mundial de uma das melhores equipas de sempre do futebol. Depois da conquista da Libertadores, o primeiro Mundial de Clubes foi disputado frente ao Benfica, vencedor da Taça dos Clubes Campeões Europeus.

A primeira mão aconteceu em São Paulo. Um duelo que colocou frente a frente Pelé e Eusébio, grande estrela do futebol do Benfica. A partida foi disputada no Maracanã e terminou com um resultado positivo para o Santos, de 3-2.

Golos de Pelé (foram dois) e Coutinho deram vantagem ao Peixe e esperança para os portugueses na segunda mão, que iria ser disputada em Lisboa, no Estádio da Luz.

No entanto, o Santos não se deixou afetar por um estádio cheio e voltou a derrotar o campeão europeu, desta feita, por uns contundentes 5-2. Aconteceu a 11 de Outubro e Pelé voltou a ser protagonista. Hat-trick da lenda brasileira e golos de Coutinho e Pepe para finalizar uma jornada de sucesso.

Foi com duas vitórias que o Santos festejou o seu primeiro Campeonato Mundial de Clubes e pouco demoraria até voltar a festejar o mesmo título. A vítima seguinte seria o AC Milan.

Depois de Eusébio e Coluna, o Milan de Cesare Maldini, Trapattoni e Mazzola. Jogado num sistema de melhor de três, o Santos teve mais dificuldades para chegar ao título.

A primeira partida, jogada em San Siro, terminou com um triunfo transalpino, de 4-2. Trapattoni, Mora e Amarildo marcaram os tentos do AC Milan e Pelé foi o responsável pelos dois golos brasileiros.

Pelé não esteve presente, devido a lesão, e os dois golos de Mazzola e Mora deixaram apreensivos os milhares de adeptos presentes no Maracanã. Sob uma intensa queda de chuva, a segunda parte mostrou um Santos diferente.

Quatro golos sem resposta, numa reviravolta épica, deram o triunfo ao Peixe e relegou a decisão do Mundial de Clubes para uma terceira partida a ser jogada no Maracanã, dois dias mais tarde.

Partida dura e disputada entre os campeões sul-americano e europeu e no fim uma grande penalidade de Maldini sobre Almir permitiu ao Santos marcar e festejar o bicampeonato mundial de clubes.
O golo 1000 no Maracanã
No dia 19 de novembro de 1969, Pelé alcançou o golo mil da carreira. Foi frente ao Vasco da Gama, no Maracanã, que o Rei atingiu um marco inigualável e chegou ao milhar de golos.

Jogando o torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Santos derrotou o Vasco da Gama por 2-1, com Pelé a marcar o segundo golo dos Santistas, na conversão de uma grande penalidade, aos 33 minutos.

Um milhar de golos na carreira combinando presenças em várias equipas, passando pelo Santos, o combinado Vasco/Santos, seleção do Brasil, seleção Paulista e seleção do Exército.

Com a camisola do Peixe apenas, Pelé chegou aos mil golos três anos depois, no dia 2 de julho de 1972, frente ao Universidad del México, numa partida disputada em Chicago, nos Estados Unidos.
As despedidas no Santos FC
O ano de 1974 marca o fim da lenda de Pelé no Brasil. O dia 21 de julho ficou para sempre marcado na carreira do Rei, já que nesse dia, contra o Vasco da Gama, Pelé marcou o último golo de sempre pelo Santos, numa derrota por 2-1.

Uma semana depois, a 28 de julho, os adeptos do Santos presenciariam a última partida de sempre de Pelé para o campeonato brasileiro. Foi frente ao Cruzeiro, numa derrota por 3-1, no Morumbi, em São Paulo.

Pouco mais de dois meses depois, Pelé dizia o adeus definitivo ao Santos. Foi a 2 de outubro de 1974, numa partida frente ao Ponte Preta, e o Peixe venceu o jogo por 2-0. Pelé despediu-se com uma saudação aos adeptos e uma volta olímpica.

A próxima aventura foi nos Estados Unidos. O Cosmos, de Nova Iorque, esperava por Pelé.