Crédito à economia moçambicana sobe pelo quinto mês e chega a recorde de 4.348 ME

por Lusa

O crédito à economia de Moçambique cresceu em setembro pelo quinto mês consecutivo, chegando a 289.477 milhões de meticais (4.348 milhões de euros), o valor mais alto em mais de um ano.

De acordo com dados compilados hoje pela Lusa a partir de um relatório estatístico do Banco de Moçambique, este desempenho representa um aumento de quase 1% no espaço de um mês e compara ainda com o pico anterior, de 289.106 milhões de meticais (4.342 milhões de euros) em setembro de 2023.

O crédito da banca à economia cresceu em todos os meses de 2024, com exceção de abril, quando recuou cerca de 1% face a março, para 270.676 milhões de meticais (4.065 milhões de euros), recuperando de seguida os crescimentos consecutivos mensais, desde maio.

O crédito a particulares continua a liderar e está a crescer desde o início do ano, chegando em setembro a praticamente 97.110 milhões de meticais (1.458 milhões de euros), também o valor mais alto em pelo menos um ano.

Segue-se o setor dos transportes e comunicações, cujo total de crédito concedido pela banca caiu ligeiramente para 26,303.7 milhões de meticais (395 milhões de euros) em setembro, o comércio, com quase 24,935 milhões de meticais (374,5 milhões de euros), e a indústria transformadora, que caiu para 23,136 milhões de meticais (347,5 milhões de euros).

A taxa de juro de referência para o crédito em Moçambique desceu em novembro mais 0,7 pontos percentuais, para 19,8%, o oitavo corte mensal de 2024, segundo a Associação Moçambicana de Bancos (AMB).

Desde 2018 que a taxa, conhecida como `prime rate`, estava em queda, até ao mínimo de 15,5% em fevereiro de 2021, quando a tendência se inverteu e a taxa começou a subir até atingir 24,1% em julho de 2023.

A taxa regressou aos valores de abril de 2023 (23,5%) em janeiro de 2024, após seis meses consecutivos em máximos de 24,1%. Desceu, depois, em março para 23,1%, em abril para 22,7%, em maio para 22,3%, em junho para 22%, em julho para 21,2%, valor que se manteve em agosto e setembro, descendo em outubro para 20,5% e em novembro para 19,8%.

As oscilações da `prime rate` estão associadas à taxa de juro de política monetária (taxa MIMO, que influencia a fórmula de cálculo da `prime rate`) pelo banco central, para controlar a inflação.

O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu no final de setembro voltar a descer a taxa de juro de política monetária de 14,25%, em vigor desde março, para 13,50%.

"Esta decisão é sustentada pela contínua consolidação das perspetivas de manutenção das perspetivas de inflação em um dígito, no médio prazo, num contexto em que a avaliação dos riscos e incertezas associados às projeções da inflação mantém-se favorável", justificou, em comunicado, o Banco de Moçambique, após a reunião do CPMO, que se realiza a cada dois meses.

A criação da `prime rate` foi acordada em 2017 entre o banco central e a AMB para eliminar a proliferação de taxas de referência no custo do dinheiro.

Na altura, foi lançada com um valor de 27,75%.

O objetivo é que todas as operações de crédito sejam baseadas numa taxa única, "acrescida de uma margem (`spread`), que será adicionada ou subtraída à `prime rate` mediante a análise de risco" de cada contrato, explicaram os promotores.

 

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