FC Porto eleições. Pinto da Costa almeja 16.º mandato

por Mário Aleixo - RTP
Pinto da Costa avança como favorito à vitória nas eleições de sábado José Coelho - Lusa

Pinto da Costa tenta no sábado ser reconduzido para um 16.º mandato seguido na presidência do FC Porto, disputando as eleições dos órgãos sociais no momento mais conturbado em 42 anos à frente do vice-campeão nacional de futebol.

Sucessor de Américo de Sá desde 17 de abril de 1982, o 33.º líder máximo da história do clube, de 86 anos, foi várias vezes reeleito de forma isolada, à exceção de 1988 e 1991, quando superou o médico José Martins Soares, e de 2020, ao ter concorrência a dobrar.

Os 68,65% de votos recolhidos há quatro anos permitiram deixar para trás o jurista José Fernando Rio (26,44%) e o empresário e professor Nuno Lobo (4,91%), mas refletiram a percentagem mais baixa em 15 triunfos eleitorais somados no seu ‘reinado’ presidencial.

Pinto da Costa (lista A) volta agora a encarar dois adversários, com Nuno Lobo (C) a ser acompanhado pelo ex-treinador André Villas-Boas (B), que arrebatou quatro troféus pela equipa de futebol ‘azul e branca’, entre os quais campeonato e Liga Europa, em 2010/11.

Nunca a gestão desportiva, financeira e até infraestrutural do dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial foi tão contestada
, numa fase em que o FC Porto já está arredado do título de campeão nacional e quase de fora da próxima Liga dos Campeões, ao ser terceiro colocado da I Liga a quatro rondas do fim, com os mesmos 62 pontos do Sporting de Braga, a 18 do líder destacado Sporting e a 11 do Benfica, detentor do cetro.

Mudança de nomes

Partindo para uma última recandidatura, Pinto da Costa mudou cinco dos atuais seis vice-presidentes e manteve apenas Vítor Baía, antigo guarda-redes internacional português e administrador da SAD, nos candidatos a membros diretivos pela lista “Todos pelo Porto”.

Adelino Caldeira, que estava na estrutura há cerca de três décadas, e Fernando Gomes, administrador financeiro desde 2014, são "baixas" de vulto, sendo ladeados por Américo Amorim e Paulo Mendes, enquanto Alípio Jorge Fernandes transita para vogal do bilhar.

A renovação estrutural pedida por Pinto da Costa levou à aposta em António Oliveira, ex-futebolista e treinador do FC Porto e atual acionista da SAD, no empresário João Rafael Koehler, que ficará responsável pelo pelouro financeiro, e na ortopedista Marta Massada.

O advogado Nuno Cerejeira Namora, "vice" da Mesa da Assembleia Geral (MAG), e o ex-hoquista Vítor Hugo, vogal para o basquetebol, completam a direção do clube, estando a administração das finanças da SAD destinada ao economista José Fernando Figueiredo.

Se José Lourenço Pinto tenta ser reeleito na MAG, Ricardo Valente, vereador da Câmara Municipal do Porto, almeja suceder a Jorge Guimarães, no Conselho Fiscal e Disciplinar, e Américo Aguiar, cardeal e bispo de Setúbal, encabeça a disputa pelo Conselho Superior.

O que promete mudar

Transparência e boa governança, sustentabilidade e crescimento, modalidades e futebol feminino, experiência e relação com os sócios, jovens no centro do futuro ou formação e prospeção perfazem os seis eixos orientadores do programa eleitoral de Pinto da Costa.

Aliado à redução de custos totais em 20%, à reestruturação das empresas do Grupo FC Porto e ao fim do pagamento de prémios aos administradores da SAD, o refinanciamento do passivo assenta num instrumento de 250 milhões de euros (ME) e visa a estabilização financeira em dois anos e a duplicação das receitas em três, numa subida anual de 25%.

Com 2.586 troféus obtidos em 21 modalidades, 68 dos quais no futebol sénior masculino, Pinto da Costa quer avaliar a criação do futsal e do surf e estrear uma equipa de futebol feminino, tendo já em marcha na Maia a construção da academia prometida desde 2016.

Essa foi uma das decisões impactantes tomadas pela atual gestão nos meses prévios às eleições, a par da antecipação de 54,3 ME em receitas audiovisuais, da obtenção de 65 ME pelo acordo de 25 anos celebrado com a sociedade espanhola Ithaka Infra III para a exploração comercial do Estádio do Dragão ou da reavaliação do recinto, que conduziu à diminuição dos capitais próprios negativos de 175,980 ME para 8,5 ME no final de 2023.

A inversão desse valor contabilístico, que se deve tornar positivo no final do exercício de 2023/24, foi um dos três pressupostos definidos por Pinto da Costa para se recandidatar, além da edificação da academia e do acesso aos oitavos de final da Liga dos Campeões, objetivo concretizado pelo conjunto de Sérgio Conceição, que, a par do defesa central e capitão Pepe, tem acordo para renovar contrato em caso de triunfo eleitoral do dirigente.

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