Mundial clubes: Jesus pode tornar-se primeiro treinador luso campeão mundial

por Lusa
Foto: Sergio Moraes - Reuters

Jorge Jesus pode tornar-se o primeiro treinador português a sagrar-se campeão mundial de clubes de futebol, o que nunca aconteceu numa competição que se joga há quase seis décadas, desde 1960.

Entre o historial da Taça Intercontinental, até 2004, e do Mundial de clubes, em 2000 e desde 2005, nenhum técnico luso conseguiu inscrever o seu nome na lista dos vencedores, sobretudo porque primaram pela ausência.

Na competição que opunha o campeão da Europa ao da América do Sul nunca um treinador português orientou qualquer das equipas e, desde o alargamento da prova a todos os continentes, nenhum dos poucos técnicos lusos presentes conseguiu chegar à final.

Em 2019, e pela primeira vez, um técnico luso chega ao comando de uma equipa com reais aspirações ao cetro, os brasileiros do Flamengo, que, na única participação, em 1981, arrebataram a Taça Intercontinental com um 3-0 ao Liverpool, que podem reencontrar.

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Para chegar ao cetro, Jorge Jesus tem, para já, de se tornar o primeiro treinador luso a atingir uma final, o que conseguirá se, na terça-feira, ganhar aos sauditas do Al Hilal, a ex-equipa do técnico português.

O ex-treinador de Benfica e Sporting começa nas meias-finais, fase que Manuel José atingiu em 2006, ao comando dos egípcios do Al-Ahly, que perderam por 2-1 com os brasileiros do Internacional, para, depois, acabarem no terceiro lugar, com um 2-1 aos mexicanos do AméricaO Brasil pode igualar os 11 títulos conquistados pela Espanha no Mundial de clubes, contabilizando a antecessora Taça Intercontinental, caso o Flamengo se imponha da edição de 2019, pela mão do treinador português Jorge Jesus.

Além de Manuel José, nenhum outro técnico luso tem historial na prova, nem José Mourinho, apesar de ter conquistado por duas vezes a Liga dos Campeões, em 2003/04, ao serviço do FC Porto, e em 2009/10, ao comando do Inter de Milão.

Mourinho conquistou o direito de disputar o título mundial em 2004 e 2010, mas, após os cetros europeus, mudou sempre de clube, primeiro do FC Porto para o Chelsea e depois do Inter de Milão para o Real Madrid, pelo que nunca pôde sequer tentar.

Em 2004, os portistas venceram a prova sob o comando do espanhol Victor Fernández, e, em 2010, o Inter de Milão ganhou liderado pelo também espanhol Rafa Benítez.

O FC Porto também venceu a prova em 1987, mas igualmente com um treinador estrangeiro: depois de vencer a Taça dos Campeões de 1986/87, Artur Jorge rumo ao Racing Paris, sendo substituído pelo então jugoslavo Tomislav Ivic.

Num embate inesquecível, devido à neve que cobriu o relvado do Estádio Nacional de Tóquio, o ‘onze’ de Ivic ganhou por 2-1, após prolongamento, graças a um golo do argelino Rabah Madjer, que já tinha sido um dos ‘heróis’ do 2-1 ao Bayern, em Viena.

Quanto ao Benfica, perdeu as edições da Taça Intercontinental de 1961 e 1962, face aos uruguaios do Peñarol e aos brasileiros do Santos, mas em ambas liderado por treinadores estrangeiros.

O húngaro Béla Guttmann, que conduziu os ‘encarnados’ aos triunfos na Taça dos Campeões em 1960/61 e 1961/62, esteve na final de 1961 e o chileno Fernando Riera na de 1962, edição em que o Santos ganhou por 3-2 em casa, com um ‘bis’ de Pelé, e por 5-2 na Luz, com mais três do ‘rei’.

Desta vez, seis décadas depois, pode ser a vez de Jorge Jesus, o técnico que já fez história em 2019 ao comando do Flamengo, ao tornar-se o primeiro português a vencer a Taça Libertadores, que os cariocas só tinham vencido em 1981, e o campeonato brasileiro.

A final está marcada para 21 de dezembro e tudo aponta para um embate entre Flamengo e Liverpool. Em Doha, os ‘reds’ serão favoritos, até porque, nos últimos 12 anos, a Europa só falhou o triunfo em 2015, culpa do Corinthians, de Tite.

Flamengo pode ajudar o Brasil a igualar a recordista Espanha
O Brasil pode igualar os 11 títulos conquistados pela Espanha no Mundial de clubes, contabilizando a antecessora Taça Intercontinental, caso o Flamengo se imponha da edição de 2019, pela mão do treinador português Jorge Jesus.

As equipas brasileiras já conquistaram 10 troféus, um dos quais por intermédio do Flamengo, sob a batuta de Zico, que em 1981 venceu por 3-0 o Liverpool, provável adversário na final deste ano, num confronto entre os atuais campeões sul-americano e europeu.

O clube inglês, que saiu sempre derrotado nos três jogos decisivos que disputou, não guarda boas recordações de adversários provenientes do Brasil, pois também foi batido na final de 2005, pelo São Paulo, por 1-0. Os ‘reds’ fracassaram ainda em 1984, frente aos argentinos do Independiente.O Benfica também já foi vítima da ‘predileção’ brasileira pela competição – que assumiu o presente modelo competitivo em 2000 -, tendo sido derrotado em 1962 pelo Santos, ao perder por 3-2 no Rio de Janeiro e por 5-2 em Lisboa, com Pelé a marcar cinco golos no total.

O Santos, que revalidou o cetro no ano seguinte, ao bater o AC Milan por 1-0 no jogo desempate (após triunfos por 4-2 para cada lado), contribuiu com dois títulos para o pecúlio do Brasil, tal como o Corinthians, vencedor da prova em 2000 e 2012.

Na estreia no atual formato, em 2000, numa final 100% brasileira, o ‘Timão’ impôs-se ao Vasco da Gama no desempate por grandes penalidades, e repetiu o feito 12 anos mais tarde, ao vencer o Chelsea por 1-0 no jogo decisivo.

O São Paulo foi o clube que brasileiro que mais vezes ergueu o troféu, por três vezes, duas das quais de forma consecutiva, ainda sob a designação de Taça Intercontinental, em 1992, frente ao FC Barcelona (2-1) e em 1993, perante o AC Milan (3-2), além do triunfo sobre o Liverpool, em 2005.

O Grêmio, que venceu o Hamburgo em 1983, por 2-1, e o Internacional, vencedor do embate com o Barcelona na final de 2006, ajudaram a elevar o Brasil ao estatuto de segundo país com maior número de títulos, atrás da Espanha (sete dos quais do Real Madrid), que pode agora ser igualada, com um triunfo do Flamengo e de Jorge Jesus.

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