Alimentos ultraprocessados. Mais tributação e advertências como as do tabaco
O investigador brasileiro Carlos Monteiro, da Universidade de São Paulo, defende que os alimentos ultraprocessados devem ser vendidos com advertências semelhantes às do tabaco devido às crescentes provas dos riscos que representam na saúde pública. O cientista alerta sobre o perigo crescente desta dieta. É durante o Congresso Internacional sobre Obesidade 2024 a decorrer esta semana na cidade de São Paulo e organizado pela Federação Mundial de Obesidade.
Os cientistas dividiram os alimentos e bebidas em quatro grupos: alimentos minimamente processados, ingredientes culinários processados, alimentos processados e alimentos ultraprocessados.
Monteiro argumenta que o impacto dos AUPs é grande e por isso deverá ser lançada uma campanha musculada para alertar o público sobre os perigos para a saúde. E compara os perigos da AUPs com os do tabaco e defende maior carga de impostos sobre estes alimentos.
“São necessárias campanhas de saúde pública, como as que foram realizadas contra o tabaco, para reduzir os perigos dos UPF”, insiste.“Essas campanhas incluiriam os perigos para a saúde do consumo de AUPs”, acrescenta.
Monteiro acentua que o “anúncios de AUPs também devem ser proibidos ou fortemente restringidos, e devem ser introduzidas advertências na frente das embalagens, semelhantes às usadas nos maços de cigarros”.
“Tanto o tabaco como os AUPs causam inúmeras doenças graves e mortalidade prematura; ambos são produzidos por empresas transnacionais que investem os enormes lucros que obtêm com os seus produtos atraentes/viciantes em estratégias de marketing agressivas e no lobby contra a regulamentação; e ambos são patogénicos (perigosos) por design, então a reformulação não é uma solução”.
O investigador propõe, por isso, que “as vendas de AUPs em escolas e unidades de saúde devem ser proibidas e ainda passar a haver uma tributação pesada nesses alimentos. As receitas geradas podem ser utilizadas para subsidiar alimentos frescos”.