Centenas de mortos, milhões de desalojados, milhares de casas, de escolas e de infraestruturas destruídas, culturas e rebanhos arrastados pelas águas. O balanço das chuvas torrenciais que caem desde junho no centro e no norte de África revela-se esmagador, sobretudo no Chad.
Desde julho que chuvas torrenciais e as inundações que provocam, não param neste país demidesértico.
As Nações Unidas atualizaram esta segunda-feira o número de vítimas, para 341 mortos e 1,5 milhões forçados a abandonar as suas terras.
De acordo com a OCHA, a Organização da ONU para a Coordenação das Questões Humanitárias, "as 23 províncias do país são atualmente afetadas pela crise das inundações, que se tem tornado cada vez recorrente nos anos recentes".
O relatório aponta a destruição de 164 mil casas e de 259 mil hectares de culturas e 66.700 cabeças de gado "levadas pelas águas".
O governo do Chad não publicou ainda um balanço global das intempéries que há várias semanas fustigam este país pobre do Sahel.
Na semana passada, 14 alunos e o seu professor morreram na derrocada de uma escola após chuvas torrenciais na província de Ouaddai. Em meados de agosto, na província montanhosa de Tibesti, as inundações fizeram pelo menos 54 mortos.
De acordo Idriss Abdallah Hassan, diretor do observatório meteorológico do Chad, nesta última região e em tempo normal, "a precipitação dificilmente chega aos 200 mm por ano". O fenómeno climático das inundações ocorre "a cada cinco ou dez anos".
Alerta da ONUA frequência parece estar a ficar mais apertada. Em 2022, a forte precipitação, a mais grave desde 1960, afetou 1,4 milhões de pessoas em 19 das 23 províncias do país e desencadeou uma grave crise humanitária, agravando a precaridade alimentar dos habitantes.
Nesse anos, mais de 350 mil hectares de culturas foram destruídos e perderam-se 20 mil cabeças de gado. Milhares de casas, escolas, centros de saúde e infraestruturas públicas sofreram estragos consideráveis, de acordo com um balanço da OCHA.
Na semana passada, as Nações Unidas alertaram para o impacto "das chuvas torrenciais e das inundações severas" na região, apelando a uma "ação imediata e a um financiamento suficente" para enfrentar a "crise climática". O verão de 2024 está a ser apontado como o mais quente jamais medido, com recordes sucessivos de temperatura desde há mais de um ano, com um cortejo de canículas, secas e inundações mortíferas, alimentadas por um aquecimento climático sem tréguas.
No Niger, as chuvas torrenciais já fizeram, desde junho, 273 mortos e 700 mil sinistrados, de acordo com números publicados pelas autoridades no início de setembro.
Neste país, a par da Nigeria e do Mali, "centenas de milhares de crianças" foram obrigadas a abandonar as suas casas antes do início do ano escolar, devido às intempéries e graves inundações, referiu a Organização Não Governamental Save The Children.
Mais de 950 mil pessoas estão deslocadas pelas mesmas razões, nos três países, acrescenta a ONG. No Niger, 649.184, 225.000 na Nigéria e 73.778 no Mali.
A OCHA referiu a 5 de setembro que as tempestades estão a afetar igualmente o Sudão do Sul, um dos países mais pobres do mundo, tendo afetado mais de 700 mil pessoas.
Nas últimas semanas, o Iémen foi igualmente atingido pelas graves intempérie, com cerca de 562 mil pessoas afetadas referiu por seu lado a OIM, Organização Mundial para as Imigrações.
Zonas semi-desérticas do Marrocos registaram também chuvas torrenciais e violentas torrentes que fizeram pelo menos 11 mortos e nove desaparecidos desde sexta-feira.
Em dois dias choveu tanto como num ano inteiro, revelaram as autoridades. Um fenómeno "excecional" que afetou também a vizinha Argélia.
com agências