De Lisboa a Bruxelas. As reações à eleição de António Costa para o Conselho Europeu
Multiplicam-se as reações à mais recente decisão de Bruxelas: o ex-primeiro-ministro português António Costa foi eleito pelos chefes de Estado e de Governo da União Europeia como presidente do Conselho Europeu, num mandato que durará dois anos e meio. O presidente da República, o primeiro-ministro e várias figuras europeias vieram já aplaudir a decisão. O pacto para os cargos de topo da UE não contou, porém, com o apoio da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
Marcelo Rebelo de Sousa quis sublinhar, em particular, a decisão do Conselho Europeu de eleger António Costa para seu próximo presidente, “uma magnífica decisão para a Europa e também para Portugal”.
“A Europa precisa, primeiro, de se manter unida em relação à Ucrânia. Segundo, de recuperar economicamente. Terceiro, de aprovar agora as perspetivas financeiras para os próximos anos. Quarto, de acompanhar a execução dos PRR”, assim como de “tratar das relações com o mundo”, enumerou o presidente, considerando Costa “a solução ideal”.
Também o primeiro-ministro Luís Montenegro reagiu ao anúncio da eleição de António Costa como presidente do Conselho Europeu, deixando uma "palavra de regozijo e satisfação, em nome do Governo de Portugal e de todos os portugueses".
"Quero desde logo felicitar o doutor António Costa, que teve um apoio muito maioritário na reunião do Conselho, na qual foram reconhecidas as características que ele tem (...) para o exercício deste alto cargo na União Europeia", afirmou Montenegro, lembrando os desafios que a UE enfrenta.
"É um dia particularmente feliz para a Europa e para Portugal", disse ainda.
O Chega entende que o nome de António Costa “é uma má escolha para a Europa” e para o mundo. “Não podemos compreender como é que, se António Costa era uma má opção para Portugal, pode ser uma boa opção para a Europa”, declarou aos jornalistas.
“Nós estamos nos antípodas do pensamento do dr. António Costa naquilo que entende ser a luta contra a corrupção, na defesa de uma Europa com fronteiras e não de uma Europa completamente descontrolada de imigração, numa Europa de uma política de segurança comum forte”, frisou André Ventura.
Considera ainda um contrassenso que “partidos anti-socialistas hoje possam estar a apoiar, como acontece com os liberais e com os sociais-democratas, António Costa para o Conselho Europeu”.
Ventura saudou a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, por também se ter oposto ao nome do ex-primeiro-ministro português.
No entanto, enquanto cidadão, português e “sobretudo a nível pessoal”, o presidente do Chega saudou a vitória de António Costa e desejou-lhe “as maiores felicidades no desempenho que venha a ter no seu cargo”.
Um enorme orgulho para Portugal e para o Partido Socialista. Parabéns, António Costa! pic.twitter.com/K7h2R8dTkz
— Pedro Nuno Santos (@PNSpedronuno) June 27, 2024
Marta Temido destaca que numa altura em que a Europa enfrenta grandes desafios, "ter uma personalidade de caráter como a de António Costa, com essa determinação, força e otimismo, é um sinal animador importante para os europeus".
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, votou contra a ida de António Costa para o Conselho Europeu. O chefe de Governo húngaro, Viktor Órban, acabou por votar a favor do ex-primeiro-ministro português, apesar de inicialmente se ter oposto.
De resto, as opiniões a respeito da eleição de António Costa foram unânimes. O atual presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, escusou-se a comentar a investigação em curso envolvendo o seu sucessor, garantindo que a instituição "confia nos candidatos escolhidos" e enviará um "bom sinal aos cidadãos".
"O Conselho Europeu tomou uma decisão e foi uma decisão clara e rápida, de facto. Tivemos uma reunião há 10 dias e hoje [quinta-feira] tomámos uma decisão [...] e o Conselho Europeu confia nos candidatos que foram escolhidos e está confiante de que este será um bom sinal enviado aos cidadãos europeus", declarou Charles Michel em conferência de imprensa.
Questionada pela Lusa, a presidente da Comissão Europeia e proposta pelos líderes da UE para um segundo mandato no cargo, Ursula von der Leyen, disse estar "ansiosa por trabalhar com António Costa".
"Tive o privilégio de trabalhar com ele [...] quando Portugal detinha a presidência do Conselho e, por isso, sei muito bem que ele é muito focado, é um político trabalhador e muito orientado para os objetivos, mas também tem uma grande humor, pelo que estou ansiosa por trabalhar com ele", adiantou Ursula von der Leyen.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, manifestou igualmente satisfação pelo acordo entre chefes de Estado e de Governo da União Europeia sobre os nomes que vão desempenhar os cargos da cúpula institucional do bloco europeu nos próximos anos.
Numa mensagem publicada nas redes sociais, Scholz refere que assim a União Europeia pode avançar "rápido e bem".
Uma nova fase para Costa
António Costa foi eleito na noite de quinta-feira pelos chefes de Estado e de Governo da UE como presidente do Conselho Europeu para um mandato de dois anos e meio a partir de 1 dezembro de 2024.
António Costa será o primeiro português e o primeiro socialista à frente do Conselho Europeu.
No X, o ex-primeiro-ministro disse ser “com um enorme sentido de missão” que assumirá a responsabilidade de ser o próximo presidente do Conselho Europeu.
“Estarei totalmente empenhado em promover a unidade entre os 27 Estados-Membros e focado em implementar a Agenda Estratégica, que o Conselho Europeu hoje aprovou e que orientará a União Europeia nos próximos cinco anos”, acrescentou.