Erupções e ejeções. Missão solar da Índia obtém "resultado significativo" para proteção de satélites

por RTP
P. Ravikumar - Reuters

Os cientistas da Organização de Investigação Espacial Indiana (ISRO) divulgaram o “primeiro resultado significativo” da sonda Aditya-L1, colocada em órbita em setembro de 2023 com a missão de explorar as camadas mais externas do Sol. A nova descoberta pode contribuir para proteger as redes elétricas e os satélites de comunicação de possíveis riscos, quando a atividade solar ameaçar estruturas na Terra e no espaço.

A sonda espacial Aditya- L1, que significa Sol em hindi, está posicionada a 1,5 milhões de quilómetros da Terra, o que corresponde a um por cento da distância entre o planeta e a estrela. Esta missão permitiu a captura de dados que possibilitaram estimar o momento preciso em que começou uma ejeção de massa coronal (CME).

Questionado pela RTP sobre a importância desta descoberta, Ricardo Gafeira, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e do Observatório Geofísico e Astronómico da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (OGAUC), afirmou que o novo instrumento possibilita “aumentar a nossa capacidade e precisão na monitorização das condições da meteorologia solar e dos fenómenos que estão na sua origem”.As ejeções de massa coronal são bolas de partículas magnéticas que saem da camada externa da coroa solar e são projetadas para o espaço interplanetário.

De acordo com o professor R. Ramesh, do Instituto Indiano de Astrofísica, ouvido pela BBC, “um CME pode pesar até um bilião de quilos e atingir uma velocidade de até 3.000 km por segundo”.

As ejeções de massa coronal podem rumar à Terra e, na sua velocidade máxima, levariam cerca de “15 horas para fazer a distância de 150 milhões de quilómetros entre a Terra e o Sol”.Apesar de não serem uma ameaça à vida humana, as tempestades solares, erupções solares e ejeções de massa coronal afetam diretamente o clima espacial e os satélites.


Devido às tempestades solares, formam-se as auroras boreais - visíveis em Portugal, especialmente, este ano -, fenómeno que preenche o céu com várias tonalidades. Ao interferir no campo magnético, podem causar estragos e afetar o dia a dia da população, como por exemplo “atrapalhar a internet, linhas telefónicas e a comunicação de rádio”, explica Ramesh.


Os dados captados pela sonda de observação solar permitem que os cientistas consigam estimar o momento preciso em que uma ejeção de massa coronal tem início. Desta forma, o estudo torna possível ajudar a proteger redes elétricas e satélites quando as atividades solares ameaçarem as infraestruturas, diminuindo o impacto deste fenómeno na população.

A missão indiana tem importância de alcance global, uma vez que torna possível “estimar com precisão o momento em que uma ejeção de massa coronal começa e em que direção está a ir”, explicou o académico indiano.

Por sua vez, Ricardo Gafeira explica que a precisão do momento em que ocorre uma ejeção de massa coronal permite aumentar a “capacidade de os operadores dos sectores encómios (aviação, redes elétricas) poderem ter acesso a estes inputs com maior precisão e poderem estimar ou antecipar possíveis danos ou perturbações”.

O aumento do conhecimento científico do sistema solar possibilita uma maior precisão de auroras, tanto do “tempo de chegada como as zonas do globo onde estas poderão ser observadas”, refere o investigador.
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