"Maduro coroou-se ditador". Líder da oposição promete pôr fim a "tragédia"

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Frederico Gutierrez - EPA

O líder da oposição venezuelana, Edmundo González Urrutia, que reivindicou vitória nas eleições presidenciais de julho, disse que Nicolás Maduro "se coroou ditador" durante a sua tomada de posse esta sexta-feira. González Urrutia prometeu viajar para a Venezuela "no momento adequado" para "pôr fim a esta tragédia" e pediu aos militares para "desobedecerem às ordens ilegais" do Governo em exercício.

“Hoje, em Caracas, Maduro violou a Constituição e a vontade soberana dos venezuelanos expressa a 28 de julho”, diz González Urrutia num vídeo publicado na rede social X.

“Consuma um golpe de Estado, coroou-se ditador”, afirma.

González Urrutia, considerado o presidente eleito pela oposição e por dezenas de Governos de várias nações (incluindo a União Europeia), tinha anunciado que estaria esta sexta-feira na Venezuela para tomar posse como presidente. Mas tal não aconteceu.

O líder da oposição garante, no entanto, que “muito em breve” viajará para a Venezuela para “pôr fim a esta tragédia”.

“Estou muito perto da Venezuela e estou pronto para entrar de forma segura e no momento adequado”, afirma. O candidato da oposição pediu asilo político a Espanha e é alvo de um mandado de captura, arriscando ser detido se entrar na Venezuela. Estima-se que Edmundo González esteja agora na República Dominicana, onde terminou o seu périplo pela América.

A líder opositora, Maria Corina Machado, também já tinha anunciado anteriormente que González Urrutia voltará ao país apenas "quando as condições forem propícias".

"Edmundo virá à Venezuela para prestar juramento como Presidente constitucional da Venezuela no momento certo, quando as condições forem adequadas", afirma Machado num vídeo divulgado na sua conta do X.

Machado sublinha que "na sua paranoia delirante, o regime [de Nicolás Maduro] não apenas fechou o espaço aéreo da Venezuela, como ativou todo o sistema de defesa aérea" durante o dia.

"Avaliámos, portanto, tudo isto e decidimos que não é oportuno que Edmundo entre hoje na Venezuela. Pedi-lhe que não o faça, porque a sua integridade é fundamental para a derrota final do regime e para a transição para a democracia, que está muito próxima", sublinha.

O líder da oposição venezuelana ordenou ainda o alto comando militar a “desobedecer às ordens ilegais” do Governo em exercício e pediu que preparem as suas “condições de segurança” para assumir o cargo de presidente.

“A decisão de fechar as fronteiras do país e artilhar os aviões militares que controlam o espaço aéreo teve como propósito fazer comigo, no ar, o que fizeram ontem contra a nossa líder, que lamentavelmente resultou num ferido inocente”, diz ainda González Urrutia, referindo-se à breve detenção de Maria Corina Machado após uma manifestação em Caracas.
Fecho de fronteiras
Nicolás Maduro tomou esta sexta-feira posse para um terceiro mandato de seis anos, declarando ser "uma vitória para a democracia"

Depois de ter anunciado o encerramento da fronteira com a Colômbia por três dias, Maduro tomou também a decisão de encerrar a fronteira do país com o Brasil.

"O Governo brasileiro informa que, por decisão das autoridades venezuelanas, a fronteira da Venezuela com o Brasil foi fechada hoje, até dia 13 de janeiro, segunda-feira", indicou, em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro.

O Brasil partilha 2.199 quilómetros de fronteira terrestre com a Venezuela
, sendo que o principal ponto de entrada de venezuelanos no país é pelo estado de Roraima.
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