Oposição em França promete vida muito difícil a Michel Barnier. Eleição "foi roubada" aos franceses
A escolha de Michel Barnier para chefiar o novo governo de França gerou um forte descontentamento nos partidos que compõem a aliança de esquerda Nova Frente Popular, que conquistou o maior número de lugares nas últimas eleições.
"O presidente acabou de decidir negar oficialmente os resultados das eleições legislativas que ele próprio convocou", sublinhou Mélenchon. "A eleição foi por isso roubada ao povo francês. A mensagem foi negada".
Em vez de ser oriundo da aliança que venceu o escrutínio a 7 de julho, o primeiro-ministro será "um membro do partido que ficou em último nas eleições", acrescentou o líder do insubmissos.
"Este é agora essencialmente um governo Macron-Le Pen", acusou ainda Mélenchon, referindo-se à líder do Rassemblement National, RN, de extrema-direita, Marine Le Pen. O líder da LFI apelou ainda os eleitores a unir-se a um protesto da esquerda contra a decisão de Macron, marcado para o próximo sábado.
Esta quinta-feira, o Partido Socialista, de centro-esquerda e membro da NFP, anunciou por seu lado que "irá censurar o governo de Barnier".
"Ao recusar nomear como primeiro-ministro um membro da Nova Frente Popular, a coligação de esquerda que ganhou as eleições parlamentares, Emmanuel Macron voltou as costas a uma tradição republicana, partilhada e respeitada até agora no nosso país", referiu o partido, em comunicado.
"Michel Barnier não tem legitimidade, nem política nem republicana. Esta situação extremamente grave é inaceitável para nós, democratas. É por isto que o grupo socialista irá censurar o governo de Michel Barnier", acrescentou.
RN à espera
Como bloco, a NFP detém a maioria dos deputados, 193, mas não absoluta nem de forma a conseguir governar sem alianças ou ver aprovada uma moção de censura, o que significa que Michel Barnier poderá gozar de um período de graça, devido ao provável apoio dos 166 deputados do bloco da Aliança Juntos, criada em novembro de 2021 por Macron, a que poderão juntar-se, condicionalmente, o bloco do Rassemblement National e outros pequenos partidos.
"Depois de uma espera interminável, indigna de uma grande democracia, reconhecemos a nomeação de Michel Barnier como primeiro-ministro de Emmanuel Macron", reagiu.
"Felicito Michel Barnier. A Europa beneficiou muito com a sua capacidade de ouvir, o seu respeito pelos outros e a sua transparência nas negociações", escreveu Charles Michel, numa publicação na rede social X (antigo Twitter).
"Desejo-lhe o maior sucesso pois mais uma vez coloca as suas qualidades ao serviço da França", adiantou o responsável belga.