Ouvida no Parlamento. Blasco reitera que ação policial no Martim Moniz "não foi determinada pelo Governo"
A ministra da Administração Interna está a ser ouvida, esta quarta-feira, na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias sobre a morte de Odair Moniz, a atuação policial no Martim Moniz e o processo de implementação das "bodycams". Margarida Blasco admitiu que o Governo quer uma "polícia que esteja adaptada" e pela "prevenção da criminalidade", mas sublinhou que a operação no Martim Moniz "não foi determinada" pelo Executivo.
"Eu sou pela prevenção da criminalidade", afirmou a ministra na audição, que considera "muito importante" a polícia de proximidade, a polícia comunitária, a chamada "polícia de visibilidade".
Quando assumiu funções do Ministério da Administração Interna, Margarida Blasco encontrou "um desinvestimento em termos de instrumentos, de esquadras, para as forças de segurança desenvolverem a sua atividade".
"Temos de reagrupar um conjunto de situações e priorizar (...) a polícia de proximidade na prevenção, porque nós temos de começar é pela prevenção", adiantou. Uma das prioridades do MAI é "apostar nas forças de segurança, na sua dignidade e dar-lhe exatamente as condições para estar presente em todo o território português". Segundo a ministra, essa é uma das falhas por falta de recursos humanos e do envelhecimento dos profissionais.
Por isso, a ministra pediu que não se confunda "o tipo de ações que é feita", referindo-se à operação no Martim Moniz, como ações "de combate às armas", após indícios validados pelo Ministério Público e que "sempre foram feitas".A ministra da Administração Interna afirmou ainda que a ação levada a cabo pela PSP no Martim Moniz "não foi determinada pelo Governo".
Margarida Blasco considerou, neste contexto, que a polícia não é uma "ameaça à ordem pública" e que a operação partiu de "fortes indícios do uso de armas e violência". No local onde ocorreu a operação, havia "um conjunto de indícios de utilização de facas, de armas brancas, com 52 participações".
Além disso, "estava lá o Ministério Público, portanto, não foi uma ação que foi determinada pelo Governo".
"A polícia não vai à rua do Benformoso por sua livre vontade", disse. "Houve um conjunto de 52 queixas pelas pessoas que lá vivem e lá trabalham", acrescenta, afirmando que, após esses "indícios", a PSP "solicitou ao Ministério Público autorização para essa operação."
Quanto à morte de Odair Moniz, a ministra disse que "ainda correm os inquéritos sobre eventuais responsabilidades criminais e disciplinares" e que aguarda os resultados dos mesmos para se pronunciar depois sobre o assunto.
"É completamente inaceitável que se queimem carros, autocarros, caixotes do lixo", afirma, acrescentando que essa semana foi "trágica".
"É completamente inaceitável que se queimem carros, autocarros, caixotes do lixo", afirma, acrescentando que essa semana foi "trágica".
A audição de Margarida Blasco foi pedida pelo PS, Bloco de Esquerda, Livre, PCP e Chega.