Ouvida no Parlamento. Blasco reitera que ação policial no Martim Moniz "não foi determinada pelo Governo"

por Inês Moreira Santos - RTP
António Pedro Santos - Lusa

A ministra da Administração Interna está a ser ouvida, esta quarta-feira, na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias sobre a morte de Odair Moniz, a atuação policial no Martim Moniz e o processo de implementação das "bodycams". Margarida Blasco admitiu que o Governo quer uma "polícia que esteja adaptada" e pela "prevenção da criminalidade", mas sublinhou que a operação no Martim Moniz "não foi determinada" pelo Executivo.

O Governo quer "fazer da polícia uma polícia do século XXI", que esteja "adaptada e que saiba reagir às constantes mutações da sociedade, no sentido de ter um papel que seja construtivo e preventivo".

"Eu sou pela prevenção da criminalidade", afirmou a ministra na audição, que considera "muito importante" a polícia de proximidade, a polícia comunitária, a chamada "polícia de visibilidade".

Quando assumiu funções do Ministério da Administração Interna, Margarida Blasco encontrou "um desinvestimento em termos de instrumentos, de esquadras, para as forças de segurança desenvolverem a sua atividade".

"Temos de reagrupar um conjunto de situações e priorizar (...) a polícia de proximidade na prevenção, porque nós temos de começar é pela prevenção"
, adiantou. Uma das prioridades do MAI é "apostar nas forças de segurança, na sua dignidade e dar-lhe exatamente as condições para estar presente em todo o território português". Segundo a ministra, essa é uma das falhas por falta de recursos humanos e do envelhecimento dos profissionais.

Por isso, a ministra pediu que não se confunda "o tipo de ações que é feita", referindo-se à operação no Martim Moniz, como ações "de combate às armas", após indícios validados pelo Ministério Público e que "sempre foram feitas".A ministra da Administração Interna afirmou ainda que a ação levada a cabo pela PSP no Martim Moniz "não foi determinada pelo Governo".

Margarida Blasco considerou, neste contexto, que a polícia não é uma "ameaça à ordem pública" e que a operação partiu de "fortes indícios do uso de armas e violência". No local onde ocorreu a operação, havia "um conjunto de indícios de utilização de facas, de armas brancas, com 52 participações".

Além disso, "estava lá o Ministério Público, portanto, não foi uma ação que foi determinada pelo Governo".

"A polícia não vai à rua do Benformoso por sua livre vontade", disse. "Houve um conjunto de 52 queixas pelas pessoas que lá vivem e lá trabalham", acrescenta, afirmando que, após esses "indícios", a PSP "solicitou ao Ministério Público autorização para essa operação."

Quanto à morte de Odair Moniz, a ministra disse que "ainda correm os inquéritos sobre eventuais responsabilidades criminais e disciplinares" e que aguarda os resultados dos mesmos para se pronunciar depois sobre o assunto.

"É completamente inaceitável que se queimem carros, autocarros, caixotes do lixo", afirma, acrescentando que essa semana foi "trágica".

A audição de Margarida Blasco foi pedida pelo PS, Bloco de Esquerda, Livre, PCP e Chega.
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