No Catar. Marcelo defende liberdade em todos os setores da sociedade

por RTP

Foto: Paulo Cunha - Lusa

O presidente da República falou esta quinta-feira sobre Direitos Humanos num discurso no Catar. Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que a sociedade tem de incluir mulheres ativas, migrantes e todas as orientações sexuais e políticas.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu a liberdade no desporto e em todas os setores da sociedade.

"Todos devem frequentar a escola. O objetivo diz: ter acesso à educação", afirmou o chefe de Estado português, para insistir que "o acesso à educação continua a ser um problema em toda a parte, porque com a crise os mais ricos ficam ainda mais ricos e os pobres ficam mais pobres".O presidente português interveio em Doha numa conversa com o homólogo do Gana, Nana Akufo-Addo, sobre educação, iniciativa organizada pela fundação Education For All, em conjunto com a ONU.


"Portanto, é muito importante apostar e investir no ensino superior para mudar científica e tecnologicamente mais depressa", sustentou ainda Marcelo. "Mas, ao mesmo tempo, nunca esquecer os que não podem pagar essa educação".

"E nunca, nunca esquecer que é a isto que por vezes chamados Direitos Humanos. Os direitos humanos são os direitos sociais, económicos, políticos, mas também os direitos pessoais. E isso é tão importante", completou.
Mal-estar diplomático
A CNN Portugal noticiou na noite de quarta-feira que o representande diplomático de Portugal em Doha teria sido chamado por causa das declarações de Marcelo Rebelo de Sousa e do primeiro-ministro, António Costa, sobre o currículo do emirado em matéria de Direitos Humanos.

O embaixador Paulo Neves Pocinho deslocou-se ontem ao Ministério dos Negócios Estrangeiros do Catar no "quadro da preparação da visita" do presidente da República ao emirado, confirmaram esta quinta-feira as Necessidades, sem, todavia, qualquer referência ao noticiado mal-estar de Doha.

De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, o representante diplomático português "esteve, conforme prática habitual" no Ministério homólogo catari "no quadro da preparação da deslocação do presidente da República Portuguesa ao país, por ocasião do Campeonato Mundial de Futebol".A deslocação do presidente ao Catar, para assistir ao primeiro jogo da seleção no Mundial, foi aprovada esta semana no Parlamento com votos a favor de PS, PSD e PCP, a abstenção do Chega e os votos contra de IL, BE, PAN e Livre.


Marcelo declarou na terça-feira, em Leiria, que Portugal mantém relações diplomáticas com vários países não democratas, defendendo que o Mundial de futebol é um certame importante que justifica a presença das autoridades portuguesas.

"Eu já tive ocasião de dizer que eu intervenho num debate sobre a educação e um dos pontos fundamentais da educação é Direitos Humanos. Portanto, naturalmente, eu, depois de amanhã, [esta quinta-feira] estarei a falar de Direitos Humanos no Catar", reiterou.
Declarações polémicas
A 17 de novembro, Marcelo Rebelo de Sousa proferiu declarações sobre o emirado que abriram uma controvérsia.

"O Catar não respeita os Direitos Humanos. Toda a construção dos estádios e tal, mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa. Começámos muito bem e terminámos em cheio", disse Marcelo à RTP, na zona de entrevistas rápidas do Estádio José Alvalade.

Um relatório publicado em fevereiro pelo jornal britânico The Guardian refere as mortes de pelo menos 6.500 pessoas durante a construção dos estádios para o Campeonato de Mundo.

c/ Lusa
pub