FC Porto eleições. Villas-Boas esclarece a renegociação da dívida

por Lusa
Villas-Boas disse como espera renegociar a dívida do clube José Coelho - Lusa

Os bancos internacionais de investimento JPMorgan, Morgan Stanley e Goldman Sachs estão interessados em renegociar a dívida do FC Porto, revela André Villas-Boas, candidato da lista B à presidência do FC Porto nas eleições do clube.

Sentámo-nos com três dos principais bancos do mundo e todos mostraram interesse em trabalhar com o FC Porto para a renegociação da dívida. Já é bom sinal que exista essa abertura. Depois, iremos lutar pelas melhores condições quanto às taxas de juro futuras”, referiu o ex-treinador da equipa de futebol azul e branca, em entrevista à agência Lusa.

No primeiro semestre do exercício em vigor, que finalizou em 31 de dezembro de 2023, a SAD chefiada por Pinto da Costa, líder do clube desde 1982 e opositor eleitoral de Villas-Boas, averbou 512,7 milhões de euros (ME) de passivo e 223,1 ME de dívida financeira.

Quando ouvimos a outra candidatura a falar que a banca internacional cobra juros muito superiores, realmente não sabe do que fala. Basta consultar os prospetos dos bancos e entender que eles raramente ultrapassam os 7% em reestruturação da dívida dos clubes. Mas, como há interesse próprio em financiar o clube a taxas bem acima de oito, nove ou 10%, naturalmente que isso afasta todo e qualquer interesse em ir a mercado”, analisou.

Crítico de um “cenário financeiro triste”, o ex-treinador ficou surpreso por ter reparado ao longo dos seus contactos exploratórios numa “ineficiência do uso de mercado” pela SAD, que “é revelador da indiferença para com o mercado internacional e de uma proteção de interesses próprios cada vez mais evidente e bem explanada” na lista de Pinto da Costa.

O FC Porto foi a mercado sem ter procurado as soluções ótimas, mas as mais rápidas e bem mais penosas nos custos da operação e do juro. Fê-lo em claro conflito de interesse com as pessoas que rodeiam o clube atualmente, mas sem se salvaguardar de melhores idas a mercado. Um clube que acumula 250 ME em passivo e que paga 27 ME aos seus administradores muito provavelmente assusta muitos e bons investidores, que se querem atravessar com o bom nome do FC Porto, mas não o fazem pela falta de credibilidade de algumas pessoas que o governam”, lamentou, projetando um “caminho longo e penoso”.

Além da “obrigação e necessidade” em efetuar uma “reestruturação financeira profunda”, assente na redução de custos operacionais, na subida de receitas e na renegociação de prazos e serviço da dívida, há “desafios enormes na tesouraria imediata” para enfrentar.

Parece-nos evidente que o FC Porto está em falência operacional e não tem 'cash flow'. Está a antecipar cada vez mais receita e sujeita-se a subscrições privadas de capital e a parcerias comerciais para ter injeção de capital e poder-se manter à tona de água. São sinais claros de falência operacional, que nos assustam muito. Uma dívida e um passivo destes não se reformatam em absoluto em três anos, mas bem mais a longo prazo, que, infelizmente, é para onde temos de olhar, mas mantendo capacidade competitiva”, disse.

André Villas-Boas pensou exclusivamente em Zubizarreta


O antigo internacional espanhol Andoni Zubizarreta foi opção exclusiva de André Villas-Boas para diretor desportivo do FC Porto, assegura o candidato da lista B.

Foi a única escolha. Acima de tudo, porque quero uma transição suave do ponto de vista desportivo e temos essa necessidade de nos encontrarmos com os títulos o mais rápido possível. Podíamos ter ido ao mercado de forma mais agressiva, mas isso podia implicar uma demora mais acentuada nos processos de implementação da filosofia desportiva”, admitiu o ex-treinador da equipa de futebol ‘azul e branca’, em entrevista à agência Lusa.

Villas-Boas trabalhou com o ex-guarda-redes de Alavés, Athletic Bilbao, FC Barcelona ou Valência de 2019 a 2020, quando estava no comando dos franceses do Marselha, último dos sete clubes por si orientados em pouco mais de uma década como técnico principal.

Aproveitar sinergias entre futebol e futsal

A exploração das sinergias entre futebol e futsal diferencia-se nos desígnios desportivos de André Villas-Boas, candidato à presidência do FC Porto nas eleições de sábado, visando a médio prazo a criação de uma equipa sénior nas quadras.

"O que acontece é que, em determinados escalões, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) permite a partilha de licença. Se enriquecermos os plantéis com alguns atletas que comecem desde logo a especializar-se no futsal, podemos a médio prazo, quando estiver concluída a construção das infraestruturas, ter lançadas todas as bases formativas nessa vertente para chegarmos aos seniores com um verdadeiro sentido de pertença FC Porto", referiu o ex-treinador da equipa de futebol azul e branca.

A partir da próxima época, o programa da lista B deseja o desenvolvimento de jovens em paralelo no futebol e futsal até aos 12 anos, e o estudo para a implementação a solo dos escalões de sub-15 e sub-17, enquanto a entrada no patamar sénior evoluirá em função das obras do centro de alto rendimento para as equipas profissionais portistas, no Olival.

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