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Euro2020. Jorge Andrade recorda "drama" de 2004 com Inglaterra

por Lusa
Foto: RTP

O encontro dos 'quartos' do Euro2004 em que Portugal superou a Inglaterra nas grandes penalidades (6-5), após uma igualdade 2-2 no final do prolongamento, foi "dramático, inseguro e incerto", recordou à agência Lusa o antigo futebolista Jorge Andrade.

O encontro, provavelmente o mais eletrizante do torneio organizado por Portugal, catapultou e encaminhou a seleção treinada pelo brasileiro Luiz Felipe Scolari até à final, perdida para a Grécia (0-1), no Estádio da Luz, em Lisboa.

"O jogo de Inglaterra tem toda a emoção que nós vivemos no Euro: Drama, insegurança no resultado e incerteza. O talento de vários jogadores, o Rui Costa marca um grande golaço, o [Hélder] Postiga faz um penálti à ‘panenka'. Teve drama e emoção", lembrou o ex-defesa central, totalista nos seis desafios do torneio.

Os britânicos entraram em campo, praticamente, a vencer, face ao golo de Michael Owen (três minutos), mas os lusos conseguiram a reviravolta, por Hélder Postiga (83) e Rui Costa (110), já no prolongamento, antes de Frank Lampard voltar a empatar e levar a decisão para as grandes penalidades.

"Foi um jogo perfeito, de recordar para o fim das nossas vidas. Simboliza o que foi o torneio para nós. Esse jogo com Inglaterra e a defesa do penálti do Ricardo, de ele tirar as luvas, simboliza o que é criatividade e o ser português. Perante a adversidade, mudámos o cenário para favorável", lembrou à Lusa Jorge Andrade, que foi internacional em 51 desafios.

Portugal só não foi capaz de bater na final os gregos, que já tinham derrotado os lusos na fase de grupos – no jogo inaugural -, mas a "demonstração de patriotismo" dos portugueses acabou por transformar a prova num "sucesso tremendo".

"O apoio do público, toda a envolvência do país e a imagem de toda a gente a acompanhar o autocarro da seleção são imagens muitos fortes. As bandeiras na janela, a demonstração de patriotismo que, até ali, Portugal e os portugueses tinham vergonha de pôr uma bandeira. Era impensável, quanto mais apoiar a seleção. Foi um sucesso tremendo", observou o antigo defesa de Estrela da Amadora, FC Porto e Deportivo da Corunha.

Jorge Andrade atuava no emblema amadorense "quando soube que Portugal ia organizar o Euro2004", uma notícia que o levou a traçar um objetivo na carreira.

"Já estava a jogar como profissional no Estrela e disse: Quero lá estar e, por acaso, concretizou-se. Foi um torneio fantástico, o melhor em que estive. E, para além da prestação de Portugal, ao chegar a final pela primeira vez, foi o apoio do público e toda a envolvência do país", revelou.

Basta passar a fase de grupos e podemos sonhar
O ex-futebolista internacional Jorge Andrade manifestou-se confiante numa boa prestação do "candidato" Portugal no Euro2020, no qual "pode sonhar", desde que encare o torneio "jogo a jogo e passe" o Grupo F, com França, Alemanha e Hungria.

Os confrontos do passado com as poderosas Alemanha, campeã mundial em 2014, e França, atual campeã mundial e vice-campeã da Europa, não trazem boas memórias a Portugal, sendo que, umas das exceções, foi aquele jogo contra os gauleses na final de 2016, que culminou com o primeiro título europeu para os lusos.

"Temos [no grupo] as equipas que mais mossa nos fizeram nos estádios. A Alemanha, no Mundial2014, no Brasil, destroçou-nos com 4-0, tivemos também a França no Euro2000 (2-1) e Euro1984 (3-2) e perdemos. É uma seleção contra quem temos sempre resultados complicados", começou por recordar o antigo internacional, de 43 anos, em declarações à agência Lusa.

Convicto de que, se a equipa das ‘quinas' "passar a fase de grupos, será candidata a vencer" e, consequentemente, revalidar o título, o antigo jogador de Estrela da Amadora, FC Porto e Deportivo da Corunha indica que o caminho é "jogo a jogo", para permitir a Portugal "sonhar".

Conquistar o Euro2016 em França seria "impensável", após três igualdades na fase de grupos, segundo Jorge Andrade, que enaltece a "oportunidade de ouro de chegar a uma final com a França e ganhar".

"Acho que foi retribuir também aos emigrantes que estavam em França, num contexto de jogar fora, em casa dos outros. Já tínhamos perdido uma final em casa [no Euro2004] e era uma oportunidade de ouro chegar a uma final com a França e ganhar. Para quem começou o torneio com três empates, se calhar era impensável. Correu muito bem, sabe muito bem o título de campeão e acho que foi merecido", concluiu Jorge Andrade, que vestiu a camisola das ‘quinas' no Mundial2002 e no Euro2004.

No segundo Europeu consecutivo com 24 equipas, os dois primeiros classificados dos seis grupos e os quatro melhores terceiros seguem para os oitavos de final.

A fase final do Euro2020 realiza-se de 11 de junho a 11 de julho, em 11 cidades de 11 países, depois ter sido adiada por um ano devido à pandemia de covid-19. Portugal integra o Grupo F e vai defrontar a Hungria (15 de junho, em Budapeste), Alemanha (19, em Munique) e França (23, em Budapeste).


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