André Ventura assume responsabilidade pela escolha de Miguel Arruda

por RTP

Foto: António Pedro Santos - Lusa

Numa conferência de imprensa marcada após as buscas realizadas ao gabinete de Miguel Arruda no Parlamento, André Ventura veio explicar que esta ação ocorreu por iniciativa do Chega. Aos jornalistas, Ventura assumiu ainda, enquanto presidente do partido, a escolha de Miguel Arruda como candidato aos lugares do Parlamento pelas listas do Chega.

Em conferência de imprensa marcada por André Ventura, o líder do Chega explicou aos jornalistas que “foi o Chega que na quinta-feira comunicou ao presidente da Assembleia da República a existência desses objetos e alertou para a possibilidade de estarem relacionados com o produto do crime, de um crime que tinha sido publicamente exposto. Foi o Chega que pediu que fosse feita a necessária articulação entre o órgão de soberania, o parlamento e as autoridades judiciais”.

O presidente do Chega quis assim deixar claro que foi o seu partido que alertou o PAR para a existência das malas no gabinete do deputado Miguel Arruda, mas envolver-se-ia depois numa discussão com jornalistas que questionaram o porquê de ter demorado até quinta-feira para fazer a comunicação da existência das malas no gabinete do ex-deputado do Chega, agora deputado não inscrito.

Na terça-feira passada, o deputado Miguel Arruda, cabeça de lista pelo Chega nos Açores, foi constituído arguido por suspeita do furto de malas no aeroporto de Lisboa, e nesse mesmo dia a PSP realizou buscas nas casas do deputado em São Miguel e em Lisboa.Em causa estão suspeitas de crimes de furto qualificado e contra a propriedade. Miguel Arruda terá furtado malas dos tapetes de bagagens das chegadas do aeroporto de Lisboa quando viajava vindo dos Açores no início das semanas de trabalhos parlamentares.

André Ventura assinalou que “ontem o Chega foi contactado para dar autorização de acesso ao seu espaço para que pudesse ser averiguado e apreendido esse eventual objeto do crime”. Ações da autoridade policiais, sublinhou, sempre acompanhadas pelo vice-presidente da bancada do Chega, Rui Paulo Sousa.

André Ventura aproveitou o episódio com Miguel Arruda para dizer que “esta é a diferente atitude de um líder político e de um partido face ao crime”.

“É a diferença de não terem nem privilégios nem privilegiados, é a diferença de não aceitar mesmo quando estão em causa os seus que não haja qualquer tipo de proteção ou barreira, é o de lutar contra o crime independentemente de quem seja o envolvido nesse crime ou na prática desses atos ilícitos”, garantia Ventura esta tarde nos corredores da Assembleia da República perante os jornalistas.

O líder do Chega considerou que “estamos perante um problema de natureza psíquica ou psiquiátrica” e voltou a pedir, em direto nas televisões, ao deputado Miguel Arruda para que, “perante as evidências do que aconteceu, perante a fragilidade psíquica em que se encontra, perante a evidência dos factos [para que] em nome da dignidade, em nome de Portugal, em nome do grupo parlamentar, que renuncie ao seu mandato”.

O pedido “encarecido” foi endereçado depois de André Ventura admitir ser o principal responsável pela escolha de Miguel Arruda para concorrer aos lugares de deputado da Assembleia da República pelo Chega.

“Sou eu, presidente do partido, que faço escolhas e que, mesmo que indicadas por terceiros, assumo a responsabilidade política das situações que ocorrem”, assumiu Ventura, acrescentando porém que “o presidente de um partido não pode ser responsabilizado por todos os atos pessoais e privados que funcionários, deputados ou outros, completamente fora do seu mandato, em incumprimento de regras e da lei, levem a cabo em termos de comportamento criminal”.
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