Foto: Estela Silva - Lusa
António Mendonça Mendes, ex-secretário de Estado e atual membro do Secretariado Nacional do PS, considera que a entrevista de António Costa ao canal televisivo Now serviu para desdramatizar o debate em torno do Orçamento do Estado e acusa Marcelo Rebelo de Sousa de provocar instabilidade no debate político.
De acordo com o dirigente nacional do PS, na primeira entrevista após ter sido indicado como novo presidente do Conselho Europeu, António Costa demonstrou ser um político que "tem experiência" e que "coloca as coisas nos seus devidos termos".António Mendonça Mendes considera ainda que, ao afirmar que "a última coisa de que o país precisa é de uma nova crise política", o antigo primeiro-ministro não colocou mais pressão sobre os socialistas para viabilizarem a proposta de Orçamento do Estado.
"Não me parece. Aliás, António Costa foi muito correto na forma como tratou, quer o seu sucessor como primeiro-ministro, quer o seu sucessor como secretário-geral do PS. Não quis condicionar e disse aquilo que é o óbvio: que o Orçamento é um instrumento muito importante para o país e que o país pode viver com duodécimos, mas que não é desejável", defende Mendonça Mendes. O ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e ex-Adjunto de António Costa acusa ainda Marcelo Rebelo de Sousa de criar "instabilidade" num momento de diálogo entre Governo e oposição.
"O presidente da República tem sido um enorme fator de instabilidade política. Neste caso particular do Orçamento do Estado é bom recordar o seguinte: antes das eleições europeias o presidente da República disse que queria fazer uma maior contenção naquilo que era a sua intervenção. E, logo a seguir, teve uma série de intervenções relativamente ao Orçamento do Estado", aponta, à Antena 1 António Mendonça Mendes, que acrescenta: "Penso que este não é o momento para o presidente da República apreciar o Orçamento do Estado [...] Este é o tempo dos partidos".
No mesmo sentido, o ex-secretário de Estado e atual membro da direção de Pedro Nuno Santos, defende ainda que Marcelo Rebelo de Sousa deve "contribuir para o clima de estabilidade", ou seja, "deixar as instituições funcionarem sem qualquer tutela do presidente da República".