PSD acusa PS de "candidatura bloquista" em Lisboa. Coligação à esquerda é "cenário em aberto"

por João Alexandre

Socialistas não querem apressar o processo, mas estão disponíveis para diálogo à esquerda para derrotar Carlos Moedas. Sociais-democratas identificam Alexandra Leitão como "radical" e "frentista".

Com os partidos cada vez mais pressionados a apresentar candidatos autárquicos - e numa altura em que começam a ser conhecidos as figuras que vão liderar candidaturas nos maiores municípios -, o PSD considera que a escolha do PS para a capital segue a linha de um entendimento lato entre os socialistas e o BE.

"É uma candidatura encabeçada por uma personalidade que tem mostrado ao longo dos anos, e em particular nos últimos tempos, uma postura e uma candidatura muito bloquista. E digo isto sem qualquer problema", diz, em declarações à Antena 1, o deputado Alexandre Poço.

Para o vice-presidente do PSD, Alexandra Leitão "embarca nas teses" do BE quando refere que "não há problema nenhum" ao nível da segurança: "Eu vi que o líder do PS, Pedro Nuno Santos, destacou a segurança como um dos grandes problemas da cidade de Lisboa. Portanto, eu vejo Alexandra Leitão como uma candidata de perfil bloquista. É natural que o BE e o LIVRE queiram apoiá-la, tendo em conta que tem um pensamento mais radical, mais frentista".
Segundo o dirigente e deputado social-democrata, a escolha dos socialistas facilita um entendimento à esquerda na corrida eleitoral autárquica em Lisboa, mesmo que o PS não consiga convencer o PCP.

"Como se sentem todos muito bem no mesmo barco, acredito que não haverá grandes dificuldades da esquerda radical se juntar a esta candidatura. Quem parece não estar muito interessado numa ideia diferente de esquerda ou de uma coligação pré-eleitoral à esquerda é o PCP", diz Alexandre Poço que, depois de ter aceitado o desafio para, em 2021, encabeçar a lista do PSD a Oeiras, se mostra indisponível para nova candidatura autárquica: "Não está nos meus planos avançar com uma candidatura a um município".

Ex-ministra Marina Gonçalves não fecha a porta a coligação à esquerda... nem à liderança parlamentar

Marina Gonçalves, deputada e ex-ministra da Habitação pelo PS, considera que Alexandra Leitão é uma boa candidata para a corrida a Lisboa - e para o objetivo de colher votos à esquerda -, mas deixa para mais tarde a decisão de uma coligação pré-eleitoral à esquerda.

"Alexandra Leitão é a nossa candidata mais capaz dentro de muitos nomes que foram falados no PS, também eles muito capazes. Mas, Alexandra Leitão não só une a esquerda na forma como se coloca, como se posiciona na sua política pública e na defesa intransigente do Estado Social, mas une também uma agenda que é fundamental para os lisboetas. E essa é uma questão fundamental", diz, no programa Entre Políticos.

Para a dirigente socialista, a ainda líder parlamentar tem "todas as características, todas as competências" e uma "agenda partilhada pelo PS" que, acredita a ex-ministra, vai colocar as "questões centrais" que afetam os lisboetas.

Quanto à obrigatoriedade de vencer em Lisboa, Marina Gonçalves afirma: "O PS quando vai a eleições é para ganhar e, portanto, obviamente que o nosso objetivo é poder ganhar as eleições. Com a certeza que temos a melhor candidata para ganhar as eleições, é essa a minha convicção e é com esse espírito que nós iremos a eleições em Lisboa".
A deputada e dirigente sublinha que são várias as áreas em que há problemas na capital, da habitação à higiene urbana, e que essas devem ser as prioridades da candidatura socialista.

"Temos visto um retrocesso evidente naquela que é a resposta dada à população, que é fundamental. Não é o PS quem ganha com isso, é Lisboa, são os lisboetas e são as políticas públicas que queremos implementar em Lisboa. Eu não tenho dúvidas nenhumas que encabeçar uma lista com a Alexandra Leitão, com as provas dadas que tem - seja nas suas funções executivas, seja nas suas funções como deputada e como líder parlamentar -, é a melhor candidata e a melhor candidatura", diz.

Quanto à possibilidade de uma coligação à esquerda - e que inclua o PCP -, Marina Gonçalves insiste: "Neste momento escolhemos uma candidata, a candidata foi apresentada, foi confirmada pelo PS e é nessa fase que estamos ".

A ex-ministra diz ainda não estar disponível para uma candidatura autárquica, mas, questionada sobre a possibilidade de ser um dos nomes em cima da mesa para substituir Alexandra Leitão na liderança parlamentar, não rejeita totalmente essa hipótese.

"Nós não fechamos nem abrimos portas. Eu, factualmente, sou deputada, gosto muito de ser deputada, gosto muito do que faço e, portanto, estou muito bem como estou, sem nenhum objetivo, seja dentro do grupo parlamentar, seja fora do grupo parlamentar. Não funciono para qualquer outro objetivo, porque convictamente, neste momento, o trabalho que estamos a fazer é importante", afirma.
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