PSD defende mudanças na Proteção Civil. "É preciso revisitar toda a forma de organização dos sistemas de resposta"
Num momento em que os partidos colocam o foco no combate aos incêndios - e em que os líderes da oposição têm sido mais contidos nas críticas ao Governo -, o PSD sublinha o trabalho feito no terreno, mas aponta para alterações na Proteção Civil para tornar mais eficaz a resposta aos incêndios.
O vice-presidente do grupo parlamentar do PSD nota que "pontualmente" existe uma "falta de capacidade" de organização que tem limitado a eficácia do combate aos fogos. António Rodrigues defende ainda - em linha com o que disse Luís Montenegro no final do Conselho de Ministros extraordinário sobre os incêndios - uma aposta na investigação de alegados "interesses" que estarão por detrás das ignições.
"Aquilo que tem sido visto sistematicamente são pessoas que são apanhadas atear fogos (...) Vemos incêndios que nasceram de noite de uma forma quase que estratégica para criar este efeito. É preciso apurar isto, não só aqueles que foram os perpetuadores diretos, mas, acima de tudo, aqueles que foram os mandatários destas situações", insiste.
PS lamenta "êxodo rural" e defende "dinamização económica" da floresta
Para Ricardo Pinheiro, deputado do PS, é essencial colocar a tónica no regresso das populações aos territórios de baixa densidade e num maior fôlego económico das atividades florestais. "É preciso voltarmos a pôr pessoas nos territórios de floresta. Parece-nos que é particularmente importante que se volte a pensar esta questão. É preciso valorizar a atitude e a vivência das pessoas que vivem nesses territórios, mas ter uma política de atração de pessoas e continuarmos a perspetivar um modelo de dinamização económica da floresta portuguesa", afirma o ex-secretário de Estado do Planeamento do Governo de António Costa. Ricardo Pinheiro considera ainda que as constantes mudanças nas estruturas organizativas podem não ser benéficas: "Não é por mudar de governo que se muda uma estrutura de combate aos fogos".
Chega insiste no agravamento de penas para os incendiários e equiparação a terrorista No entender de Rita Matias, deputada e dirigente do Chega, o país não pode passar ao lado de "interesses" que estarão na base de incêndios que provocam elevados prejuízos para as populações e para o país.
"É muito suspeito que muitas das zonas onde fogos foram ateados sejam ricas em minério, que eventualmente tenham processos de prospeção para a exploração de determinadas substâncias ou para a construção de determinados parques. As populações estão atentas a isto", diz. A deputada salienta ainda que o Chega acompanha a preocupação de Luís Montenegro e adianta: "Vamos estar atentos aos mapas de fogos e ver o que é que vai acontecer em 2025, em 2026, em 2027. A promessa que deixamos é que nós não nos vamos esquecer e esperamos que, de facto, Luís Montenegro tenha esta mão pesada que prometeu". Nesse sentido, o partido de André Ventura mostra-se disponível para "colaborar" com o Governo. "Toda a disponibilidade legislativa para apoiar o Governo neste combate, portanto, dizemos ao Governo que estamos disponíveis por exemplo para equiparar um incendiário a um terrorista”.
Livre defende maior aposta no ordenamento do território e na profissionalização de bombeiros De acordo com Jorge Pinto, deputado do Livre, há muito a fazer quer no momento de combater os incêndios, quer na prevenção e ordenamento do território.
"São vários os relatórios internacionais que dizem que, em Portugal, uma das principais consequências das alterações climáticas é o aumento do número e da intensidade dos fogos florestais. É uma realidade com a qual vamos ter de lidar", salienta.
O deputado assinala ainda a importância de pensar a floresta e o território mais do que a curto prazo e apenas em situações de emergência. "Soluções imediatas há poucas. Há várias soluções de médio prazo, mas que, para terem efeito, têm de começar agora. Uma delas é, precisamente, o ordenamento do território", afirma Jorge Pinto, que defende uma "valorização" do trabalho dos bombeiros voluntários com uma "possível profissionalização" de parte das corporações.
Outro dos dossiês que o Livre quer ver discutidos é o do transporte de doentes: "Separar os que fazem esse serviço [de transporte de utentes] dos que combatem os fogos. Sem retirar os lucros das corporações que fazem esse serviço".