PSD defende mudanças na Proteção Civil. "É preciso revisitar toda a forma de organização dos sistemas de resposta"
Num momento em que os partidos colocam o foco no combate aos incêndios - e em que os líderes da oposição têm sido mais contidos nas críticas ao Governo -, o PSD sublinha o trabalho feito no terreno, mas aponta para alterações na Proteção Civil para tornar mais eficaz a resposta aos incêndios.
"É preciso voltarmos a pôr pessoas nos territórios de floresta. Parece-nos que é particularmente importante que se volte a pensar esta questão. É preciso valorizar a atitude e a vivência das pessoas que vivem nesses territórios, mas ter uma política de atração de pessoas e continuarmos a perspetivar um modelo de dinamização económica da floresta portuguesa", afirma o ex-secretário de Estado do Planeamento do Governo de António Costa. Ricardo Pinheiro considera ainda que as constantes mudanças nas estruturas organizativas podem não ser benéficas: "Não é por mudar de governo que se muda uma estrutura de combate aos fogos".
Chega insiste no agravamento de penas para os incendiários e equiparação a terrorista No entender de Rita Matias, deputada e dirigente do Chega, o país não pode passar ao lado de "interesses" que estarão na base de incêndios que provocam elevados prejuízos para as populações e para o país.
"É muito suspeito que muitas das zonas onde fogos foram ateados sejam ricas em minério, que eventualmente tenham processos de prospeção para a exploração de determinadas substâncias ou para a construção de determinados parques. As populações estão atentas a isto", diz. A deputada salienta ainda que o Chega acompanha a preocupação de Luís Montenegro e adianta: "Vamos estar atentos aos mapas de fogos e ver o que é que vai acontecer em 2025, em 2026, em 2027. A promessa que deixamos é que nós não nos vamos esquecer e esperamos que, de facto, Luís Montenegro tenha esta mão pesada que prometeu". Nesse sentido, o partido de André Ventura mostra-se disponível para "colaborar" com o Governo. "Toda a disponibilidade legislativa para apoiar o Governo neste combate, portanto, dizemos ao Governo que estamos disponíveis por exemplo para equiparar um incendiário a um terrorista”.
Livre defende maior aposta no ordenamento do território e na profissionalização de bombeiros De acordo com Jorge Pinto, deputado do Livre, há muito a fazer quer no momento de combater os incêndios, quer na prevenção e ordenamento do território.
"São vários os relatórios internacionais que dizem que, em Portugal, uma das principais consequências das alterações climáticas é o aumento do número e da intensidade dos fogos florestais. É uma realidade com a qual vamos ter de lidar", salienta.
O deputado assinala ainda a importância de pensar a floresta e o território mais do que a curto prazo e apenas em situações de emergência. "Soluções imediatas há poucas. Há várias soluções de médio prazo, mas que, para terem efeito, têm de começar agora. Uma delas é, precisamente, o ordenamento do território", afirma Jorge Pinto, que defende uma "valorização" do trabalho dos bombeiros voluntários com uma "possível profissionalização" de parte das corporações.
Outro dos dossiês que o Livre quer ver discutidos é o do transporte de doentes: "Separar os que fazem esse serviço [de transporte de utentes] dos que combatem os fogos. Sem retirar os lucros das corporações que fazem esse serviço".