Sporting. O rigor do "leão" renascido

por Marcos Celso - RTP

Um guarda-redes seguro, uma defesa robusta e confiante, um meio-campo sólido e um ataque diversificado e "matador". Sem por vezes encantar, este "leão" soube estar coeso nas quatro linhas, gerir a ambição e valer-se do encanto individual de cada um dos seus jogadores jovens e habilidosos.

São estas algumas das mais-valias de um Sporting que junta um misto de juventude e maturidade, sem ser uma equipa avassaladora em campo, mas que se baseia num grupo humilde e ambicioso, sempre acreditando até ao apito final de cada partida – foram mesmo os últimos minutos de muito jogos que permitiram a conquista deste 19.º título oficial de campeão nacional. Na parte final do campeonato, o líder, muito cedo sem compromissos europeus, não claudicou nos jogos decisivos e garantiu a conquista mais desejada em Portugal.
Os novos heróis de Alvalade
 
O título deve-se ao conjunto no seu todo, mas há que destacar algumas das prestações das “peças” que pareceram determinantes neste sucesso “verde e branco”.

Neste Sporting versão Rúben Amorim foi igualmente fundamental o rigor e a motivação deste jovem treinador, depois de ter tido algum sucesso em Braga, vencendo muitos dos confrontos com os “três grandes”. Sublinhe-se, ainda, que os “leões” estão até ao momento invencíveis na I Liga, sendo a defesa menos batida e o melhor na diferença entre golos marcados e sofridos (56-15).

Um dos segredos ao longo desta caminhada terá passado pela concretização de bolas paradas. Muitos dos cantos deram golos, houve golos que surgiram na sequência de lances originados em faltas dos adversários. Na verdade, este Sporting foi rigoroso na busca constante em aproveitar as falhas das equipas contrárias, muitas das vezes sendo o próprio “leão” a provocar o erro no adversário.
 
Falou-se da “estrelinha” de campeão, mas não foi somente isso. O empenho e a determinação deram frutos, aliados a uma rigorosa estratégia que afastou, jornada após jornada, o perigo junto da baliza “verde e branca”. Os ataques contrários tiveram dificuldades acrescidas em criar jogadas de real perigo para as redes “leoninas”.


Marcar primeiro e gerir a vantagem terá sido outro dos “mandamentos” de Amorim. Quando isso não acontecia, Amorim lançava do banco uma das “peças” que podia alterar o rumo dos acontecimentos, mesmo que fosse em tempo de descontos – o que ocorreu algumas vezes -, pois, até ao apito final o treinador exigia o mesmo rigor.

Para isso, a segurança que Adán sempre transmitiu aos seus colegas da defesa também tem sido preponderante, tendo o guarda-redes espanhol apenas falhado e comprometido numa única ocasião, no jogo frente à Belenenses SAD. Nos restantes encontros, Adán esteve irrepreensível entre os postes e quando saía deles. O guarda-redes espanhol passou as duas últimas temporadas no Atlético Madrid, foi formado no Real Madrid e afirmou-se positivamente no futebol de Alvalade.

Sendo uma promessa confirmada, Nuno Mendes, foi um guerrilheiro em campo, num esforço constante, fosse atrás, fosse à frente. A época já lhe valeu a chamada à Seleção Nacional e parece não ficar por aqui.


Coates, o “defesa avançado” esteve totalmente em “grande”, sem “tremer”, nem falhar, tal como aconteceu em outras épocas. A ele se devem pontos decisivos para as contas do campeonato, deixando a sua defesa e indo “aterrorizar” as áreas adversárias para decidir nas alturas alguns dos jogos, já na parte final.


Muito se falou de Palhinha, uma aposta vencida em Alvalade, pela sua “garra” e determinação em anular investidas contrárias. Depois de singrar em Braga, Amorim recuperou-o para Alvalade e tem sido imprescindível.

Pedro Gonçalves foi outra aposta bem ganha por Rúben Amorim. “Pote” – de ouro para alguns – deu nas vistas e passou a merecer atenção especial por parte dos adversários. No entanto, já ele tinha marcado muitos golos quando deram pelo seu futebol, tinha decidido alguns dos jogos e deixado os adversários em sentido pelo seu pragmatismo e eficácia atacante. A simplicidade valeu-lhe golos e é uma das grandes revelações desta Liga em ano de pandemia.


Paulinho - não o Cascavel de outras memórias –, mas o atacante mais falado do futebol português da atualidade. O goleador chegou de Braga, já a época ia longa, e ainda esteve ausente por lesão. Apenas nos jogos mais recentes mostrou as suas aptidões em rematar perigosamente para as redes adversárias.


Tabata, Porro, Jovane, Tiago Tomás, entre outros, também têm sido opções de sucesso neste Sporting 2020/21.

Perante estes dados, o “sonho” do título de campeão nacional está concretizado, 19 anos depois da última conquista em 2002, com Láslo Boloni.

Este é também o título dos desejados milhões – perto de 30 milhões -, pois a entrada na Champions pode significar também mais investimento na equipa principal.
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