"Uma saudação nazi é uma saudação nazi". Alemães respondem sem hesitações a gesto de Musk
Olaf Scholz e várias outras personalidades alemãs estão a repreender Elon Musk pelo gesto de saudação nazi que fez diante de milhares de apoiantes de Donald Trump no dia da tomada de posse do novo presidente. A opinião parece ser consensual: "uma saudação nazi é uma saudação nazi", referiu um jornalista alemão. "Uma vergonha", declarou o chanceler desse país ainda ensombrado pelo período negro do Holocausto.
"Temos liberdade de expressão na Europa e toda a gente pode dizer o que quer, mesmo que seja um bilionário. O que não aceitamos é que se apoiem posições de extrema-direita e é isso que gostaria de vincar", declarou o chanceler da Alemanha na terça-feira, durante o Fórum de Davos.
Olaf Scholz aproveitou para apelar que o mundo mantenha "cabeça fria" em resposta às atuais e futuras ações da Administração de Donald Trump.
Elon Musk apressou-se a responder na rede social X, da qual é dono, considerando as declarações de Scholz uma “vergonha”.
Em causa está o polémico gesto do multimilionário num palco na arena Capital One, em Washington, na segunda-feira, antes da chegada do recém-empossado presidente Donald Trump ao local.
Depois de agradecer aos apoiantes do republicano, Elon Musk colocou a mão direita sobre o coração, passando a esticar o braço na diagonal com a mão aberta num movimento rápido. Depois, virou-se e repetiu o gesto na direção oposta, exclamando: "O meu coração está convosco".
Após críticas generalizadas, Musk negou no X ter feito a saudação nazi. “Francamente, eles precisam de melhores truques sujos. O ataque de ‘toda a gente é Hitler’ já está muito gasto”, considerou.
“O gesto fala por si”
“Uma saudação nazi é uma saudação nazi é uma saudação nazi” foi o título de um artigo do jornalista Lenz Jacobsen no diário alemão Die Zeit, no qual defende que o gesto de Elon Musk fala por si.
“Quem, num palco político, ao fazer um discurso político perante uma audiência parcialmente de extrema-direita, alonga o braço na diagonal no ar, com força e repetidamente, está a fazer uma saudação nazi. Não há nada de ‘provavelmente’ ou ‘semelhante a’ ou ‘controverso’ nisso. O gesto fala por si”, lê-se no artigo.
O juiz alemão Kai-Uwe Herbst é da mesma opinião. Ao jornal Berliner Zeitung, declarou que, sob a lei alemã, estender o braço na diagonal deliberadamente é prova suficiente para acusar alguém. Seria, porém, necessário provar que existiu intenção maliciosa.
Este juiz, que já lidou com vários casos de pessoas acusadas por fazerem a saudação nazi, referiu que “por vezes são adeptos de futebol alcoolizados, outras vezes são ativistas pró-Palestina que querem fazer uma provocação”.
“Quebra de tabus está a chegar a um ponto perigoso”
Michel Friedman, antigo vice-presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, descreveu o gesto de Musk como uma vergonha e considerou que o multimilionário mostrou que chegámos a um ponto "perigoso para todo o mundo livre".
Em declarações ao jornal alemão Tagesspiegel, Friedman – que perdeu quase toda a sua família de judeus polacos no Holocausto – disse ter ficado chocado ao assistir ao comício de inauguração da tomada de posse de Donald Trump.
Para Friedman, não há dúvidas de que Elon Musk efetuou a saudação nazi, apesar de o ter negado. “A quebra de tabus está a chegar a um ponto perigoso para todo o mundo livre”, alertou.
“A brutalização, a desumanização, Auschwitz, tudo isso é Hitler. Um assassino em massa, um belicista, uma pessoa para quem as pessoas não eram mais do que números”, acrescentou, pedindo a Musk que tenha responsabilidade política.
“Terá sido o gesto uma expressão da sua identidade política?”, questionou.
c/ agências
Olaf Scholz aproveitou para apelar que o mundo mantenha "cabeça fria" em resposta às atuais e futuras ações da Administração de Donald Trump.
Elon Musk apressou-se a responder na rede social X, da qual é dono, considerando as declarações de Scholz uma “vergonha”.
Em causa está o polémico gesto do multimilionário num palco na arena Capital One, em Washington, na segunda-feira, antes da chegada do recém-empossado presidente Donald Trump ao local.
Depois de agradecer aos apoiantes do republicano, Elon Musk colocou a mão direita sobre o coração, passando a esticar o braço na diagonal com a mão aberta num movimento rápido. Depois, virou-se e repetiu o gesto na direção oposta, exclamando: "O meu coração está convosco".
Após críticas generalizadas, Musk negou no X ter feito a saudação nazi. “Francamente, eles precisam de melhores truques sujos. O ataque de ‘toda a gente é Hitler’ já está muito gasto”, considerou.
“O gesto fala por si”
“Uma saudação nazi é uma saudação nazi é uma saudação nazi” foi o título de um artigo do jornalista Lenz Jacobsen no diário alemão Die Zeit, no qual defende que o gesto de Elon Musk fala por si.
“Quem, num palco político, ao fazer um discurso político perante uma audiência parcialmente de extrema-direita, alonga o braço na diagonal no ar, com força e repetidamente, está a fazer uma saudação nazi. Não há nada de ‘provavelmente’ ou ‘semelhante a’ ou ‘controverso’ nisso. O gesto fala por si”, lê-se no artigo.
O juiz alemão Kai-Uwe Herbst é da mesma opinião. Ao jornal Berliner Zeitung, declarou que, sob a lei alemã, estender o braço na diagonal deliberadamente é prova suficiente para acusar alguém. Seria, porém, necessário provar que existiu intenção maliciosa.
Este juiz, que já lidou com vários casos de pessoas acusadas por fazerem a saudação nazi, referiu que “por vezes são adeptos de futebol alcoolizados, outras vezes são ativistas pró-Palestina que querem fazer uma provocação”.
“Quebra de tabus está a chegar a um ponto perigoso”
Michel Friedman, antigo vice-presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, descreveu o gesto de Musk como uma vergonha e considerou que o multimilionário mostrou que chegámos a um ponto "perigoso para todo o mundo livre".
Em declarações ao jornal alemão Tagesspiegel, Friedman – que perdeu quase toda a sua família de judeus polacos no Holocausto – disse ter ficado chocado ao assistir ao comício de inauguração da tomada de posse de Donald Trump.
Para Friedman, não há dúvidas de que Elon Musk efetuou a saudação nazi, apesar de o ter negado. “A quebra de tabus está a chegar a um ponto perigoso para todo o mundo livre”, alertou.
“A brutalização, a desumanização, Auschwitz, tudo isso é Hitler. Um assassino em massa, um belicista, uma pessoa para quem as pessoas não eram mais do que números”, acrescentou, pedindo a Musk que tenha responsabilidade política.
“Terá sido o gesto uma expressão da sua identidade política?”, questionou.
c/ agências