PSD no apoio a Isaltino Morais? "Temos de ir ao encontro dos eleitores"

por João Alexandre

Fotografias de Gonçalo Costa Martins

Apoio do PSD a Isaltino Morais ainda não está decidido. Pedro Duarte é hipótese no Porto. PS insiste em "movimento" para derrotar Carlos Moedas em Lisboa

O coordenador autárquico do PSD não fecha a porta ao apoio do partido à recandidatura independente de Isaltino Morais, no concelho de Oeiras, mas salienta que o processo "não está fechado".

Em declarações na Antena 1, no programa Entre Políticos, Pedro Alves deu conta de que o PSD está a ponderar todos os cenários, mas que não quer "impor projetos políticos" aos eleitores. "Temos de ir ao encontro do que os eleitores querem e não impor projetos políticos. Estranho seria se o PSD não soubesse interpretar aquilo que as comunidades pretendem e não procurasse ir ao encontro das suas expetativas. No tempo devido o PSD irá apresentar uma estratégia", disse o social-democrata.

Questionado sobre se um eventual apoio a Isaltino Morais pode ser parte de uma estratégia de aproximação ao eleitorado de Oeiras, Pedro Alves admite que o dossiê ainda está em aberto: "O processo não está fechado. Um coisa é certa, temos perfeita consciência de que sabemos o que é que os eleitores de Oeiras pretendem".
Pedro Duarte é hipótese do PSD para o Porto: "Se reunir as melhores condições, assim, será"

Outro dos processos em discussão por parte do PSD é a eventual candidatura do ministro dos Assuntos Parlamentares à Câmara Municipal do Porto, admite o coordenador autárquico dos sociais-democratas. "Agradecemos sempre que pessoas com um perfil como o do Pedro Duarte estejam disponíveis para servir o país e, neste caso, com serviço público numa comunidade ou do ponto de vista autárquico. É para nós uma grande satisfação. Se houver condições e se entendermos - e se ele entender e aceitar que é a pessoa que reúne essas condições para ser o melhor candidato -, assim será. No entanto, o PSD está perfeitamente tranquilo com o trabalho que estamos a fazer", diz Pedro Alves.
O social-democrata considera "difícil" o "processo de vitória" do PSD nas eleições autárquicas que se realizam no outono, mas aponta à vitória para construir um "novo ciclo" político: "Há esta oportunidade para podermos iniciar um novo ciclo político, com novos desafios que se apresentam e que obrigam a que os partidos encontrem soluções diferentes e projetos inovadores (...) Os desafios são muitos e é difícil o processo de vitória do PSD nas próximas eleições autárquicas".

Pedro Alves admite ainda que o ponto de partida é "vantajoso para o PS", sublinhando que é "mais fácil manter do que conquistar" e que os sociais-democratas avançam para o ato eleitoral com menos 29 autarquias do que os socialistas.

"O PS também se expõe mais do que o PSD neste processo de transição, o que quer dizer que nos cabe - e temos feito esse trabalho já há mais de dois anos, porque temos ido para o terreno através do Sentir Portugal e temos procurado conhecer cada um dos territórios - estar em contato de forma muito próxima com as nossas estruturas locais do PSD", afirma.

PS quer "construir movimento" para derrotar Moedas em Lisboa


Com Alexandra Leitão confirmada como candidata do PS em Lisboa, os socialistas continuam à procura de um modelo eleitoral para derrotar a coligação liderada pelo PSD e não escondem que o objetivo passa por tentar convencer a restante esquerda, mas a entrada do PCP no "movimento" continua a ser uma incógnita para os socialistas.

"O PS apresentou Alexandre Leitão não tanto com uma preocupação de uma coligação de esquerda. Obviamente que todos aqueles que tenham uma visão progressista e humanista da cidade - e que vá ao encontro dos valores do PS - terão condições para, com o PS, construir um movimento que possa fazer aquilo que Lisboa merece e precisa", diz, na Antena 1, o socialista Pedro Vaz.

Questionado sobre a eventual necessidade de convencer o PCP a juntar-se a uma coligação pré-eleitoral para derrotar Carlos Moedas em Lisboa, o deputado e dirigente do PS admite a possibilidade, mas estabelece condições. "Importante é ter todos aqueles que não se reveem no estado em que a cidade de Lisboa está, que não se reveem na política espetáculo do atual presidente da Câmara e querem qualidade de vida. Todos aqueles que desejam isso, que desejam que Lisboa seja aquilo que já foi no passado, todos aqueles que querem voltar a ver Lisboa bonita, limpa, com melhores condições de vida e com menos trânsito são bem-vindos para trabalhar com o PS".
Socialista Pedro Vaz critica "calendário desconhecido" do PSD e pede transparência sobre Pedro Duarte

No programa Entre Políticos, Pedro Vaz, deputado e membro do secretariado nacional do PS, questionou os prazos do PSD para o anúncio de candidatos e defendeu que os sociais-democratas devem esclarecer "rapidamente" se há atuais governantes entre os nomes em discussão para assumir candidaturas autárquicas.

"O calendário do PSD não pode ser algo desconhecido, porque estamos a falar de ministros e membros do Governo que podem vir a ser candidatos autárquicos. Portanto, é muito importante que o PSD esclareça rapidamente quais são aqueles que vão sair do Governo para serem candidatos autárquicos, para que depois não haja, como acontece muitas vezes, a perceção - e eu digo perceção porque eu não acredito que isso aconteça - de que as pessoas estão a usar o cargo governativo para fazer campanha nas terras onde se vão candidatar", sublinhou o socialista.

No mesmo sentido, Pedro Vaz, considera que o caso particular do ministro dos Assuntos Parlamentares deve ser esclarecido e defende que Pedro Duarte "devia estar concentrado nos assuntos da República" e não no anúncio de períodos de reflexão.

"O próprio Pedro Duarte faz declarações nas redes sociais a dizer que está em reflexão se é candidato ou não. Ou reflete para ser candidato e é candidato, ou é ministro", aponta o dirigente socialista, que assegura: "O calendário do PS nunca esteve tão avançado em matéria de escolhas dos seus candidatos autárquicos".
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