Extrema-esquerda apanhada na investigação à sabotagem do TGV

por RTP

As autoridades francesas prenderam um ativista de extrema-esquerda num local pertencente à SNCF no norte da França. Tinha chaves de acesso às instalações técnicas da operadora ferroviária nacional. Entretanto todos os comboios já circulam na rede francesa.

Nesta segunda-feira, o ministro francês do Interior, demissionário, Gérald Darmanin, avança a probabilidade de que extremistas de esquerda estejam por trás da sabotagem.

"Identificamos os perfis de várias pessoas", declarou Darmanin à TV France 2, sobre a investigação que procura os autores do ataque à rede francesa de comboios na última sexta-feira, dia do arranque dos Jogos Olímpicos de Paris 2024.

Após equipas técnicas da SNCF terem trabalhado dia e noite durante o fim de semana para resolver os danos causados nas linhas por vários incêndios, um indivíduo ligado à extrema-esquerda foi detido este domingo.
Operação "bem preparada"

Pode dizer-se que foi o dia em que França ficou sem TGV. Um ataque à rede de comboios foi levado a cabo durante a noite de quinta para sexta-feira. Os cabos de fibra ótica localizados junto às linhas e que asseguram a transmissão de informações de segurança aos motoristas (semáforos vermelhos, interruptores, etc.) foram cortados e incendiados em vários pontos da rede do comboio rápido.

Uma operação “bem preparada”, organizada pela “mesma estrutura”, segundo fonte próxima da investigação citada pelo jornal Le Figaro.

Também Darmanin acentua que a operação criminosa foi "deliberada, muito precisa, extremamente bem direcionada". "Este é o tipo tradicional de ação da ultraesquerda", acrescentou.

O ministro do Interior sublinhou, no entanto que "devemos ser cautelosos". “A questão é saber se eles foram manipulados" ou se agiram "em benefício próprio".

Ainda não houve reivindicação dos ataques incendiários, mas foi enviada a vários meios de comunicação uma declaração assinada por "uma delegação inesperada" expressando apoio à sabotagem e criticando os Jogos Olímpicos como uma "celebração do nacionalismo" e da "opressão dos povos pelos Estados-nação".

Darmanin diz que a declaração é "algo que se assemelha a uma afirmação", mas insiste que é “necessário ter cuidado porque pode ser uma afirmação oportunista".
Homem detido
De acordo com indicaçõew de uma fonte à Agência France Presse, as autoridades francesas prenderam um ativista de extrema-esquerda numa área pertencente à operadora ferroviária nacional SNCF no norte da França, em Oissel, Seine-Maritime.

Transportava “alicates de corte” e um “conjunto de chaves universais” para aceder às instalações técnicas da SNCF e ainda “literatura associada à ultraesquerda”, como a obra de Romain Huët “A vertigem do motim: dos Zad aos Coletes Amarelos”, disse aquela fonte, que pediu para não ser identificada.

O individuo está a ser interrogado, em Rouen, a principal cidade da região da Normandia, e para já está sob custódia policial.

A rede de telecomunicações francesa também sofreu interrupções isoladas após ser atingida por atos de vandalismo durante a última noite.

Alguns serviços das redes fixas e móveis foram afetados, disse hoje no X a ministra dos Assuntos Digitais, Marina Ferrari.

Anda sobre a interrupção ferroviária na sexta-feira, cerca de 800 mil pessoas foram afetadas e os custos dos cancelamentos de viagens são assumidos pelo operador.

O ministro dos Transportes, Patrice Vergriete, já garantiu que o tráfego está regularizado.
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