Bruno de Carvalho não vai à final da Taça no Jamor

por RTP
“Não, eu não vou ao Jamor”, esclareceu o presidente do Sporting Nuno Fox - Lusa

O presidente do Sporting foi este sábado, véspera da final da Taça de Portugal, o protagonista de uma longa conferência de imprensa. Bruno de Carvalho responsabilizou José Maria Ricciardi pelo atual contexto de crise no seio do clube e sugeriu que as agressões em Alcochete foram “involuntariamente” potenciadas pelos jogadores. Anunciou ainda que não vai estar no Jamor.

Está confirmado. Pela voz do próprio. Bruno de Carvalho vai falhar na final da Taça de Portugal, este domingo.

“Não, não vou ao Jamor. Não acho que estejam criadas as condições para ir ao Jamor”, afirmou o presidente do Sporting, no decurso da conferência de imprensa.

Antena 1

Bruno de Carvalho sustentou ter tomado esta decisão pelo “Sporting e pela festa”. E “para que não haja constrangimento dos órgãos de soberania, nem para continuar a alimentar a especulação”.

Um dos principais alvos da conferência de imprensa convocada para a tarde deste sábado foi José Maria Ricciardi, que acusou mesmo de ser o estratega na origem do atual terramoto no clube lisboeta. A par de Álvaro Sobrinho, responsável pela Holdimo.

“É o estratega de tudo o que se está a passar. Com promessas de entrada de milhões, juntamente com o seu amigo Álvaro Sobrinho. De milhões, em cinco anos, só se viu o acerto de contas de 500 mil euros. Agora, dizem que têm milhões para o Sporting. Por que mudou a sua posição e a de tantos dos que se diziam nossos apoiantes? Porque é uma pessoa, um sobrevivente, daqueles que vai passando pelos pingos da chuva, nem que tenha de ter toda a família na cadeia. Continuava a achar que era dono do Sporting e, no dia em que lhe foi dito não à possibilidade de fazer um negócio, ganhando dinheiro com isso, entrou em loop e começou a juntar as tropas”.

Recorde-se que o ex-membro do Conselho Leonino e sócio do Sporting alertara, na sexta-feira, em declarações à agência Lusa, para o que considerava ser uma situação perigosa, depois de Bruno de Carvalho ter descartado apresentar a demissão.

Para o presidente, a direção do Sporting é nesta altura “alvo de bullying e de terrorismo”.

“Cada vez mais, acredito que a AG foi importantíssima. 25,1 por cento dos sportinguistas poderiam ter-nos tirado daqui. Pusemo-nos nas mãos de 25,1 por cento dos sportinguistas. Isto não é apego ao poder. Ninguém se coloca nas mãos dos sócios, depois das eleições mais concorridas de sempre. A decisão foi dos sportinguistas, 90 por cento disseram que queriam esta gestão e este estilo e disseram que estariam por trás desta direção”, evocou.
“Saiu dos jogadores”
Ainda sobre os acontecimentos da última semana na Academia de Alcochete, o presidente do Sporting quis argumentar que o “ato bárbaro” teria sido “involuntariamente” gerado pelos jogadores leoninos.

“Não estou a ver nem quero acreditar que possa haver uma tentativa de rescisão por um ato que involuntariamente saiu dos próprios jogadores, não de todos, mas saiu dos jogadores”, afirmou, situando o início do conflito na ressaca da derrota sportinguista por 2-1 com o Marítimo, quando alguns atletas confrontaram adeptos.

“Não estou a dizer que os jogadores merecem aquilo que aconteceu. Mas tudo começou aí. Não foi o presidente do Sporting”, argumentou, para reiterar que não soube antecipadamente do que viria a suceder em Alcochete.

Segundo o dirigente, alguns jogadores, no relvado do Funchal, “viraram costas e chamaram nomes aos adeptos” e, já no aeroporto da Madeira, um dos antigos líderes da Juve Leo teria ameaçado “prestar contas” na Academia.Bruno de Carvalho manifestou-se convicto de que André Geraldes, diretor desportivo para o futebol profissional, "nada fez" e classificou a operação CashBall como uma criação "criminosa" da comunicação social.

“Quem me disse isso foi o staff do Sporting e não qualquer adepto. Isso foi escondido das pessoas e os jogadores não tiveram a mínima noção da gravidade do que se estava a passar. Percebo que não tenham noção, mas têm de perceber que, perante isto, tinham de transmitir isso à administração da SAD. Se tivessem dito, jamais permitiria que fizesse mal à minha família", vincou.

“Se eu tivesse lá estado, estaria agora cheio de fraturas e pontos. Não estava porque nesse dia saiu uma notícia que colocou em causa o bom nome, a honra, a imagem do Sporting”, continuou.

O presidente do Sporting revelou que teve uma reunião no dia anterior às agressões com os jogadores, durante a qual estes não deram sinais de preocupação.

“Sem o nosso conhecimento, foi dito aos jogadores que um antigo líder da Juve Leo iria falar com alguns, por causa dos nomes que lhe tinham chamado e por se terem virado contra ele. Nessa reunião, disse aos jogadores para me transmitirem de imediato qualquer indício que houvesse de ameaça. Não perceberam a dimensão do que se estava a passar”, disse.

Bruno de Carvalho defendeu que haveria motivos para processos disciplinares, mas garantiu que depois do que se passou na Academia de Alcochete não o irá fazer.

Nesta conferência de imprensa, que ficou também marcada por críticas severas à cobertura jornalística da crise no Sporting, Bruno de Carvalho salientou o “brio e o profissionalismo” dos jogadores, pela disponibilidade para disputar a final da Taça e afiançou que a Academia de Alcochete é um “local seguro”.

“Sempre foi um local seguro. Eu garanto a segurança de todos os atletas de todas as modalidades”, frisou, antes de apelar a “todos os adeptos” para que façam no domingo uma “verdadeira festa” e demonstrem a “verdadeira dimensão” do Sporting.

c/ Lusa
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