Entre a euforia e o desânimo, ou do desânimo à euforia – a oscilação repete-se em diversos lugares d’Os Lusíadas. Resistir ao cansaço, vencer o desespero que a vida e o mundo provocam – eis o gesto no começo do canto IX.
MAIS INFOOs Lusíadas, X, 8-9
Aqui, minha Calíope, te invoco /
Neste trabalho extremo, porque em pago /
Me tornes do que escrevo, e em vão pretendo, /
O gosto de escrever, que vou perdendo. //
Vão os anos decendo, e já do Estio /
Há pouco que passar até o Outono; /
A Fortuna me faz o engenho frio, /
Do qual já não me jacto nem me abono; /
Os desgostos me vão levando ao rio /
Do negro esquecimento e eterno sono. /
Mas tu me dá que cumpra, ó grã rainha /
Das Musas, c’o que quero à nação minha. //
Entre a euforia e o desânimo, ou do desânimo à euforia – a oscilação repete-se em diversos lugares d’Os Lusíadas. Resistir ao cansaço, vencer o desespero que a vida e o mundo provocam – eis o gesto estupendamente posto em evidência no começo do canto IX.