Por mares nunca de antes navegados

Camões descreve Portugal como «cume da cabeça» da Europa, tornando patente um amplo conhecimento de mapas, referindo-se às representações cartográficas da Europa como uma jovem coroada, ditas ginecomórficas. MAIS INFOOs Lusíadas, III, 20-21 Eis, aqui, quase cume da cabeça / Da Europa toda, o Reino Lusitano; / Onde a terra se acaba e o mar começa, / E onde Febo repousa no Oceano. / Este quis o Céu justo que floresça / Nas armas contra o torpe Mauritano, / Deitando-o de si fora; e lá na ardente / África estar quieto o não consente. // Esta é a ditosa pátria minha amada, / À qual se o Céu me dá que eu sem perigo / Torne, com esta empresa já acabada, / Acabe-se esta luz ali comigo. / Esta foi Lusitânia, derivada / De Luso ou Lisa, que de Baco antigo / Filhos foram, parece, ou companheiros, / E nela então os íncolas primeiro. // Camões descreve Portugal como «cume da cabeça» da Europa, tornando patente um amplo conhecimento de mapas e, neste caso particular, com toda a probabilidade, referindo-se às representações cartográficas da Europa como uma jovem coroada, ditas ginecomórficas. Mais uma prova de grande erudição.

Coordenação de José Bernardes,
com Frederico Lourenço, Isabel Almeida, Micaela Ramon Moreira, Zulmira Santos,
e leituras por André Gago

Em parceria com a Comissão para as Comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões