Soneto «inspirado» em Petrarca e na tradição petrarquista, que desenha o perfil e os movimentos, aparentemente serenos, da «donna angelicata» que, qual Circe, enfeitiça e metamorfoseia. (leitura de André Gago)
MAIS INFOSoneto Um mover d’olhos brando e piedoso
Um mover d'olhos, brando e piedoso, /
sem ver de quê; um riso brando e honesto, /
quási forçado; um doce e humilde gesto, /
de qualquer alegria duvidoso; //
um despejo quieto e vergonhoso; /
um repouso gravíssimo e modesto; /
ua pura bondade, manifesto /
indício da alma, limpo e gracioso; //
um encolhido ousar; ua brandura; /
um medo sem ter culpa; um ar sereno; /
um longo e obediente sofrimento: //
esta foi a celeste fermosura /
da minha Circe, e o mágico veneno /
que pôde transformar meu pensamento //
Soneto «inspirado» em Petrarca e na tradição petrarquista, que desenha o perfil e os movimentos, aparentemente serenos, da «donna angelicata» que, qual Circe, enfeitiça e metamorfoseia.