Nas quadras deste soneto é apresentada a tese de que o amor é um sentimento capaz de toldar a razão; nos tercetos, o sujeito poético pessoaliza as afirmações esclarecendo que resultam da sua experiência pessoal.
MAIS INFOSoneto 93 - Micaela Ramon (leitura de André Gago)
Soneto desenvolvido em dois andamentos: nas quadras, é apresentada a tese de que o amor é um sentimento capaz de toldar o sentido crítico e a razão dos indivíduos; nos tercetos, o sujeito poético pessoaliza as afirmações, esclarecendo que elas resultam da sua experiência pessoal.
Soneto 93
Conversação doméstica afeiçoa, /
ora em forma de boa e sã vontade, /
ora d’ ?a amorosa piedade, /
sem olhar qualidade de pessoa. //
Se despois, porventura, vos magoa /
com desamor e pouca lealdade, /
logo vos faz mentira da verdade /
o brando Amor, que tudo em si perdoa. //
Não são isto que falo conjecturas, /
que o pensamento julga na aparência, /
por fazer delicadas escrituras. //
Metido tenho a mão na consciência, /
e não falo senão verdades puras /
que m’ensinou a viva experiência. //
Soneto desenvolvido em dois andamentos: nas quadras, é apresentada a tese de que o amor é um sentimento capaz de toldar o sentido crítico e a razão dos indivíduos; nos tercetos, o sujeito poético pessoaliza as afirmações, esclarecendo que elas resultam da sua experiência pessoal. Estabelece-se assim um pacto de leitura que faz derivar a escrita da vivência pessoal, conferindo autenticidade à mensagem e dotando o sujeito da enunciação de autoridade moral perante o leitor.