Cantiga dedicada à lamentação pela perda do objeto amado. Camões faz sobressair o lado humano do amante despeitado que sofre por amor emitindo juízos sobre as escolhas da amada (leitura de André Gago).
MAIS INFOCantiga “Quem tão mal vos empregou”
A uma dama mal empregada
Moto Seu
Minina, não sei dizer, /
vendo-vos tão acabada, /
quão triste estou por vos ver /
fermosa, e mal empregada. //
Voltas
Quem tão mal vos empregou /
pouco de mi se doía, /
pois não viu quanto me ia /
em tirar-me o que tirou. /
Obriga o primor que tem /
lindeza tão extremada /
que digam quantos a vêem: /
- Fermosa e mal empregada! //
Tomastes da fermosura /
quanto dela desejastes, /
e com ela me guardastes /
para tão triste ventura. /
Matáveis sendo solteira, /
matais agora em casada; /
matais de toda a maneira. /
Fermosa e mal empregada! //
Cantiga dedicada à lamentação pela perda do objeto amado. Camões dá um tratamento pessoal ao tema, fazendo sobressair o lado humano do amante despeitado que sofre por amor e não se coíbe de emitir juízos sobre as escolhas ou a má sorte da pessoa amada que lhe escapou.