Flagelo para a saúde, o açúcar é também indissociável do capitalismo e dos crimes ligados à colonização e à escravatura. "Quando trabalhamos nos engenhos de açúcar e a mó nos apanha o dedo, cortam-nos a mão; quando tentamos fugir, cortam-nos a perna: vivi ambas as situações. É a esse preço que comem açúcar na Europa", relatava já Voltaire em Cândido, em 1759. Nessa época, o açúcar ganhava importância nos hábitos alimentares europeus: de 87 gramas por ano e por pessoa em 1600, o consumo atinge cerca de 9 quilos em 1800... Para responder a este crescimento desenfreado e altamente lucrativo, as grandes potências, encabeçadas pela França e Inglaterra, arrasaram florestas primárias para dar lugar ao cultivo da cana, reduziram populações indígenas à escravatura nas Caraíbas e, após o seu desaparecimento, recorreram aos africanos. Dos 12,5 milhões de escravos traficados, mais de metade foi escravizada para benefício das sociedades açucareiras. Já no final do século XVIII, os capitais acumulados permitem investir e financiar a revolução industrial, sendo o açúcar usado para alimentar operários com calorias acessíveis e baratas...