Isabel Trigo Mira contra alteração dos estatutos

Isabel Trigo Mira é contra a alteração dos estatutos na assembleia-geral de sexta-feira. A sportinguista acredita que esse cenário pode significar a morte do clube de Alvalade.

RTP /
Isabel Trigo Mira é contra a figura da assembleia referendária D.R.

Em declarações à Agência Lusa, Isabel Trigo Mira, que faz parte da chamada oposição ao presidente Soares Franco, defende que, caso seja aprovada a alteração dos estatutos na reunião magna de sexta-feira e os sócios aprovem o projecto de reestruturação financeira na assembleia de 8 de Maio, o Sporting vai ficar despojado de todo o seu património.

"Depois da sede do clube, do Alvaláxia, do Homes Place, da Clínica e da secretaria terem sido vendidos, o Sporting, neste momento, vive das rendas que a Sporting SAD paga pela utilização da Academia, do Estádio de Alvalade e da venda de merchandising", explica.

A ex-dirigente, que fez parte dos corpos sociais nas gerências de Santana Lopes, José Roquette e Dias da Cunha, assume-se contra o projecto de reestruturação financeira do Conselho Directivo. Este plano implica a passagem para a SAD da Academia, do Estádio de Alvalade e da Sociedade de Património e Marketing.

Trigo Mira alerta que dessa forma "esse património passa a pertencer aos accionistas da SAD, que até podem nem ser do Sporting".

"O Sporting vai viver de quê? Das receitas da quotização? Corremos o risco de a SAD vir a pertencer a um banco ou a algum milionário russo ou árabe, tanto mais que a maioria dos sócios não são accionistas", acrescenta.

A polémica assembleia referendária

Isabel Trigo Mira sublinha que a alteração dos estatutos vai levar também ao fim das assembleias gerais soberanas, em que os sócios são ouvidos, dando lugar a uma figura chamada Assembleia Leonina, cujos membros são escolhidos pela direcção.

"Será uma espécie de Conselho Leonino, com uma diferença, passará a ter voto deliberativo e não meramente consultivo", ficando as decisões nas mãos de duzentas pessoas "convenientemente seleccionadas".

A sportinguista diz ainda que a assembleia referendária que o Conselho Directivo quer instituir serve apenas para evitar o debate do projecto de reestruturação financeira proposto para ser votado a 8 de Maio.

Confrontado pela Agência Lusa com estas críticas, o actual presidente do Conselho Fiscal, Agostinho Abade, contrapõe que a reestruturação é a única solução para evitar que os bens do clube sejam penhorados.

Quanto ao referendo, Abade acusa Trigo Mira de deitar areia para os olhos dos sócios, frisando que "é preferível ter 8 mil sócios a votar em consciência, das 10 da manhã às 22 horas, do que mil e quinhentos a votarem no meio de gritos e discussões às tantas da madrugada".
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