No âmbito da operação conjunta "Cadeia Global" contra o tráfico de seres humanos foram detidas 219 pessoas e identificadas 1374 potenciais vítimas, das quais 153 crianças, em 39 países, incluindo Portugal, anunciou a Interpol esta segunda-feira num comunicado de imprensa.
A operação liderada pela Áustria e coordenada pela Roménia, Europol, Frontex e Interpol decorreu de 3 a 9 de junho com o objetivo de desmantelar redes criminosas de alto risco, com especial foco para os casos de exploração sexual, criminalidade e mendicidade forçada.
"Operações como a Global Chain demonstram que nenhum país ou continente
está imune ao tráfico e à exploração", lembra Richard Chambers, diretor da Criminalidade Organizada e Emergente da Interpol, citado no comunicado de imprensa.
A organização policial internacional com sede em Lyon, Interpol, destacou alguns casos operacionais, nomeadamente o trabalho das autoridades húngaras que permitiu a detenção de um casal suspeito de "explorar sexualmente seis dos seus filhos e de os obrigar a mendigar nas ruas".
Mas também um caso no Laos, onde as autoridades vietnamitas detiveram um suspeito que aliciava 14 vietnamitas com promessas de empegos bem remunerados, antes de os obrigar a criar contas em linha fraudulentas para fins de burla financeira. Os documentos das vítimas foram confiscados, sendo estas obrigadas a trabalhar 12 a 14 horas por dia.
"Quer seja cometido por membros da
família ou por grupos criminosos altamente organizados, o impacto nas
vítimas é devastador", acrescentou Richard Chambers, garantindo que "enquanto comunidade mundial de aplicação da lei estamos empenhados em partilhar as informações vitais necessárias para
levar todos os criminosos à justiça".
"A cooperação internacional é crucial"
A Interpol adianta que na sequência desta operação conjunta, que envolveu forças policiais e guardas de fronteiras de vários continentes, foram abertas 276 novas investigações e identificados 362 suspeitos. Assim como também foram apreendidos pelas autoridades mais de dois mil bens de origem criminosa, como dinheiro ou dispositivos, e detetados 363 documentos fraudulentos.
Lars Gerdes, diretor executivo adjunto responsável pelas Operações da Frontex, citado no comunicado de imprensa, afirmou que "a cooperação internacional é crucial" por ser "extremamente difícil detetar estes crimes, devido à frequente ausência de testemunhas, o que significa que um grande número de casos não é denunciado".
Uma ideia partilhada por Jean-Philippe Lecouffe, diretor executivo adjunto da Europol, que considerou a "cooperação estreita e eficaz entre as autoridades responsáveis pela aplicação da lei e pela proteção das fronteiras a nível internacional fundamental para combater aqueles que exploram os mais vulneráveis entre nós".
"Os resultados impressionantes deste ano demonstram que agir em conjunto é a melhor
forma de combater o desprezível crime do tráfico de seres humanos", acrescentou.
c/agência