Gandra d`Almeida. Montenegro segura ministra e garante que Governo desconhecia incompatibilidades

por RTP
No Conselho Nacional do PSD, Luís Montenegro reiterou os elogios à ministra da Saúde. Rui Manuel Farinha - Lusa

O primeiro-ministro garantiu que nem ele nem a ministra da Saúde tinham como saber de eventuais incompatibilidades do ex-diretor executivo do SNS "na vigência do Governo anterior". As declarações surgiram no mesmo dia em que Ana Paula Martins admitiu conhecer o relatório da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP) onde constava a acumulação de funções de António Gandra d'Almeida.

Segundo relatos citados pela agência Lusa, durante o Conselho Nacional do PSD, que decorreu segunda-feira à porta fechada, Luís Montenegro assegurou que nem ele nem a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, "sabiam ou tinham como saber" se na "vigência do Governo anterior" poderia ter havido alguma incompatibilidade.

Em causa está a polémica que levou à demissão de Gandra D' Almeida, que acumulou, durante mais de dois anos, as funções de diretor do INEM do Norte, com sede no Porto, com as de médico tarefeiro nas urgências de Faro e Portimão e que terá recebido por esses turnos mais de 200 mil euros.
Horas antes das declarações de Montenegro, a ministra da Saúde foi questionada sobre se sabia da acumulação de funções de António Gandra D' Almeida. Ana Paula Martins respondeu que conhecia o relatório de avaliação da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP), que é público.

“Naturalmente que conheço o relatório da CReSAP. Pois se nós indigitamos personalidades, elas vão à comissão de avaliação, é-nos dado depois o parecer da comissão de avaliação. E o parecer (…) é positivo”, explicou.

Ainda assim, no Conselho Nacional Montenegro reiterou os elogios à ministra da Saúde, considerando que a pressão pública de que tem sido alvo não é pelo que está a fazer o atual Governo, mas pelo que "não foi feito" até à data em que este Executivo tomou posse.
CReSAP diz não ter papel fiscalizador
Segundo o documento da CReSAP, enquanto ainda era diretor da delegação Norte do INEM, Gandra D'Almeida apenas revelou ter exercido funções de médico de cirurgia geral no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia, Espinho de 2015 a 2022, mas não referiu os serviços prestados em Faro e Portimão enquanto dirigia o INEM do Norte.

Na conclusão do relatório, a CReSAP concluiu que o perfil de Gandra d’Almeida era adequado para o cargo de diretor executivo do SNS.

Em resposta à RTP na terça-feira, a CReSAP disse que, no momento da entrevista a Gandra d’Almeida, não foi abordado o tema da eventual acumulação de funções enquanto diretor regional do Norte do INEM.

“Não compete à CReSAP avaliar incompatibilidades e impedimentos no exercício de cargos anteriores, não tendo esta comissão competências de fiscalização”, acrescentou.

Também na terça-feira, o Governo anunciou a escolha do antigo presidente da Entidade Reguladora da Saúde e ex-deputado do PSD Álvaro Almeida para liderar a direção executiva do Serviço Nacional de Saúde, na sequência da demissão de António Gandra d'Almeida.

c/ Lusa
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